terça-feira, 1 de agosto de 2023

Linha da Evolução - Obaluayê

Obaluayê (em iorubá: Ọbalúwáiyé), ou, simplesmente Obaluaiê é o orixá da cura em todos os seus aspectos, da terra, do respeito aos mais velhos e protetor da saúde. É chamado sempre que necessário para o afastamento de enfermidades. 

Todo esforço para manter o equilíbrio mental, físico, emocional ou espiritual também é uma forma de cultuar este orixá. Como as coletividades também adoecem, todo esforço para aqueles que nos cercam ou para melhorar o mundo em que vivemos também é uma forma de cultuar Obaluaiê. Ao contrário do que pensam, ele não é o deus da morte, dos mortos, do cemitério ou das almas que lá habitam. O que acontece, é que por ser o orixá que promove a cura para as enfermidades, automaticamente ele está sempre próximo a Iku (orixá responsável por tirar a vida), pois ele promove a cura para aqueles que estão perto da morte.

Com a aglutinação de Orixás  promovida pela diáspora africana, Obaluaiê é constantemente confundido com Sapatá, o vodum da tradição da Nação Jeje , e especialmente com o orixá Omolu e difundido até que são a mesma divindade. Esse equívoco ocorre principalmente, pelo motivo de os dois orixás terem domínios sobre a cura e doenças, e os dois usarem Xaxará (cetro feito com palha de dendezeiro). Outro fator que promoveu essa confusão, é que Obaluaiê é uma flexão dos termos: Oba (rei) – Oluwô (senhor) – Ayiê (terra), ou seja, “Rei, senhor da Terra”. Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) – Oluwô (senhor), que quer dizer “ Filho e Senhor”.

Tradicionalmente, Obaluaiê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência  e influência. No cotidiano significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados a mesa força da natureza. Outro resultado da diáspora foi a adição de palhas em suas vestimentas, resultante pela mistura de cultos com o vodum Sapatá e com o orixá Omolu, que originalmente usam palhas, diferente de Obaluaiê, que em seu culto original não usa.

O calor também é uma propriedade de Obaluaiê, como a febre, o corpo esquentando para expulsar uma doença, é Obaluaiê agindo no corpo do ser humano, assim como o calor que vem das profundezas da terra. Por isso, todo tipo de sacrifício ou oferenda para Obaluaiê deve ser feito durante o dia, nunca a noite, quando a temperatura está mais alta.

Seus poderes e as magias de seu culto são usados contra todo tipo de enfermidades, mas particularmente contra as doenças de pele, inflamações, e doenças transmitidas através do ar que possam causar epidemias. Também são usadas para curar pessoas com problemas de convulsão, epilepsia e catalepsiaO mês de agosto na Umbanda é dedicado a Obaluayê, quando os terreiros enchem de pipoca e saúdam este grande Orixá da Cura.

Obaluaiê é uma flexão dos termos: Oba (rei) – Oluwô (senhor) – Ayiê (terra), ou seja, “Rei, senhor da Terra”. Omulu também é uma flexão dos termos: Omo (filho) – Oluwô (senhor), que quer dizer “ Filho e Senhor”. Obaluaê, o mais moço, é o guerreiro, caçador, lutador. Omulu o mais velho, é o sábio, o feiticeiro, guardião. Porém, ambos têm a mesma regência  e influência. No cotidiano significam a mesma coisa, têm a mesma ligação e são considerados  a mesma força da natureza.

Acredita-se que Obaluaiê e Xapanã (Orixá oriundo de Empé) são a mesma divindade por serem relativamente semelhantes, mas mesmo assim, com algumas diferenças. Costuma-se dizer que o nome Xapanã é tabu, preferindo-se referir-se a ele como Obaluaiê ou Omolu, ainda que no Batuque do Rio Grande do Sul este nome seja pronunciado de maneira genérica. Enquanto Xapanã é o orixá que foi criado por Olodumarê e desceu para o Aiê para ajudar a criar o mundo, Obaluaiê é o homem, que teve uma vida própria, normal, mas que se tornou orixá pelo seus poderes (iguais aos de Xapanã) e pela sua sabedoria (Referência: "Notas sobre os Orixás e Voduns" - Pierre Verger).

Outra teoria é que Obaluaiê seria uma encarnação de Xapanã. Tem-se então que seu verdadeiro nome seja Xapanã (em iorubá, varíola), e que dizer esse nome poderia causar varíola àquele indivíduo, ou até mesmo causar uma epidemia de varíola na cidade. Portanto, o nome Xapanã era usado somente durante os rituais litúrgicos.

Obaluaiê possui total controle sobre o ajogum Arum (doença), em que afasta este ajogum (seres que lutam contra a humanidade) da pessoa e das comunidades quando chamado, mas que também pode ser seu grande aliado quando decide punir alguém, por roubar, ser mau-caráter, etc. E principalmente pelas coisas que este orixá mais condena, que é o envenenamento, a mentira e a feitiçaria. Por este motivo, em terras africanas o ibá de Obaluaiê sempre fica afastado das cidades, para que este orixá não puna as pessoas que agirem de forma que ele decida que mereça uma punição.

Obaluaiê (ou Omulu) é o Sol, a quentura e o calor do astro rei. É o Senhor das pestes, das moléstias contagiosas, ou não. É o rei da Terra, do interior da Terra, e é o Orixá que cobre o rosto com o Filá (de palha da Costa), porque para os humanos é proibido ver seu rosto, pela deformação feita pela doença, e pelo respeito que devemos a este poderosíssimo Orixá.

Obaluaiê rege a saúde, os órgãos e o funcionamento destes. A ele devemos nossa saúde e é comum, nas Casas de Santos, se realizar os Eboris de Saúde, que fazem pra trazer saúde para o corpo doente. O órgão central da regência de Obaluaê é a bexiga, mas está ligado a todos os outros. Ele trata do interior, fundamentalmente, mas cuida também da pele e de suas moléstias. Divide com Iansã a regência dos cemitérios, pois ele é o Orixá que vem como emissário de Oxalá para buscar o espírito desencarnado. É Obaluaiê (ou Omulu) que vai mostrar o caminho e servir de guia para aquela alma.

Obaluaiê também é o Senhor da Terra e das camadas de seu interior, para onde vamos todos nós. Daí a ligação que tem com os mortos, pois ele é quem vai cuidar do corpo sem vida, e guiar o espírito que deixou aquele corpo. O sol também tem a sua regência. Ele também é o Calor provocado pelo sol quente. Há quem diga que não se deve sair à rua quando o Sol está quente sem a proteção de um patuá, a fim de não correr o riscos e não sofrer a ira de Obaluaiê, geralmente fatal.

Obaluaiê está presente em nosso dia-a-dia, quando sentimos dores, agonia, aflição, ansiedade. Está presente quando sentimos coceira e comichões na pele. Rege também aqueles que tem problemas mentais, perturbações nervosas. Está presente nos hospitais, casa de saúde, ambulatórios, postos de saúde, clínicas, sempre próximo aos leitos. Rege os mutilados, aleijados, enfermos. Ele proporciona a doença mas, principalmente, a cura, a saúde. É o Orixá da misericórdia.

Obaluaiê é a força da Natureza que rege o incômodo de um modo geral. Rege o mal estar, o enjôo, o mal humor, a intranqüilidade. É o Orixá do abafamento e está presente nele, bem como na má digestão e na congestão estomacal. Gera o ácido úrico e seus efeitos.Obaluaê está presente em todas as enfermidades e sua invocação nessas horas pode significar a cura e a recuperação da saúde.

Seus instrumentos são a lança, indicando sua ligação com a guerra (já que quando humano era um guerreiro), uma pequena cabaça com feitiços para dar às pessoas que estão doentes e o xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra. Na Nigéria, os Owo Érindínlogun adoram Obaluaiê e usam, no punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano africano) onde são costurados cauris esó (búzios).

No Brasil, com a mistura do culto de Obaluaiê com orixás que usam palhas, ele usa uma vestimenta de palhas de ìko, é uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a palha da costa, elemento de grande significado ritualístico, sua presença indica que algo deve ficar oculto. É composta de duas partes: o "filá" e o "azé". A primeira parte, a de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura. O azé, seu asó-ìko (roupa de palha), é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos. Em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia, vai um xokotô, espécie de calça, também chamado "cauçulu", em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta, acompanham algumas cabaças penduradas, onde carrega seus remédios. A palha da costa é mais encontrada no norte do Brasil.

No Brasil, a festa anual é o Olubajé (Comer a comida do senhor). São feitas e distribuídas no mínimo nove iguarias da culinária africana (comida ritual), seus "filhos" devidamente incorporados e paramentados oferecem aos convidados e assistentes, em folhas de mamona ilará ou bananeira (aguede), no sentido de prolongar a vida e trazer saúde.


O sincretismo de Obaluaiê com São Roque

São Roque tem sua biografia cercada de dados imprecisos, mas; sabe-se que nasceu e faleceu em Montpellier (França) onde viveu entre 1295 a 1327. Roque era filho de um rico mercador e herdou sua fortuna, a qual; distribuiu aos pobres quando chegou a maioridade. São Roque então deixou os estudos de medicina e passou a praticar o atendimento aos necessitados, realizando diversos milagres. Teve grande atuação em diversas cidades que apresentavam foco da peste negra, para onde se dirigia a fim de curar os doentes. Assim, São Roque contraiu também a peste, e para não contaminar outros isolou-se na floresta, onde teria sido salvo por um cão que levou pão, matando sua fome.

A São Roque são atribuídos diversos milagres na cura de doenças contagiosas, cura de animais, sendo patrono dos cirurgiões. A razão do sincretismo com o orixá Obaluaiê está nos feitos de cura milagrosos realizados pelo santo durante sua vida. São Roque é homenageado na Igreja Católica em 16 de agosto quando Obaluaiê é reverenciado nas Casas de Umbanda.


Fontes:

Crenças e fé: Umbanda: Obaluaê a pipoca e o mês de agosto https://www.sabecaxias.com.br/?p=56022

Orixá de Agosto - https://www.otempo.com.br/o-tempo-contagem/orixa-de-agosto-1.27108

O Sincretismo de Omulu Obaluaiê com São Lázaro e São Roque https://www.raizesespirituais.com.br/o-sincretismo-de-omulu-obaluae/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Obaluai%C3%AA

https://pt.wikipedia.org/wiki/Xapan%C3%A3

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sapat%C3%A1

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