quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Umbanda de Jesus




Sete Encruzilhadas, o Caboclo que anunciou o surgimento da Religião de Umbanda em 1908, declarou que Jesus seria o Mestre a ser seguido pelos umbandistas. Controvérsias à parte, já que alguns não aceitam suas palavras como base para uma vida espiritual sadia, Jesus é o modelo mais perfeito escolhido para ser o espelho dos médiuns e demais seguidores da Umbanda. Não há outro Médium vivido entre os homens que tenha subtraído toda a autoridade do Grande Mestre da Judéia em se tratando de vida mediúnica sadia e correta.
Jesus, o Médium, em nenhum momento fez alarde de sua missão na Terra. Sendo detentor de tanta autoridade, jamais exigiu que os homens se subjugassem a Ele. Jamais impôs sua condição de Ser Iluminado a fim de obter prestígio perante os grandes e diante dos pequenos. Suas palavras, cheias de autoridade, jamais foram autoritárias. Pelo contrário, tinham uma meiguice e uma simplicidade que encantavam os pequenos e incomodavam alguns que se achavam grandes.
Em sua trajetória mediúnica na Terra, Jesus aguardou o momento certo para agir em favor da caridade. Seu primeiro ato caritativo, no casamento de Caná, foi precedido de uma oração feita pela mãe que, aflita, intercedeu pelos noivos e seus pais. Jesus podia muito bem ter feito a transformação do vinho antes mesmo de Maria lhe pedir com tanta veemência, mas aguardou a hora certa. Não se precipitou, mas foi paciente para esperar que o tempo definisse o momento propício.
O médiuns de Umbanda, tanto os que estão iniciando quanto aqueles que já militam na fé, precisam ser menos apressados em ser úteis no trabalho espiritual da caridade. O tempo urge, mas não se precipita. Há médiuns que desejam ou querem tanto ser utilizados como aparelhos dos Caboclos e Pretos Velhos que não se preocupam com o próprio aprimoramento ou com o tempo certo para tal trabalho. Avançam apressadamente para os terreiros, colocando roupas brancas - ou coloridas, como queiram -, enchendo os pescoços de guias sem fundamentos e "incorporando" alguma Entidade. Esquecem-se que incorporar qualquer Entidade não é o principal. Essa faculdade é apenas uma das muitas tarefas a desempenhar durante toda a vida. O início de tudo é a mudança que deve ocorrer dentro de cada um. Assim como foi a transformação que Jesus realizou em Caná, quando a água dos jarros ganhou cor, sabor e essência de vinho.
Apressadamente, muitos médiuns estão servindo fel aos que comparecem às bodas que são realizadas cotidianamente nos Terreiros de Umbanda. Em nome da "vontade" de trabalhar ou "receber" Caboclo - como se isso fosse um verdadeiro milagre - estão sendo depositários de uma bebida amargosa, fétida e intragável, quando incorporam sem o devido preparo espiritual e logo realizam consultas e receitam banhos, garrafadas e obrigações sem fim aos convidados da festa chamada Gira. Não atinam para o fato de que eles próprios são os jarros que devem conter a verdadeira bebida espiritual que servirá para alegrar os corações necessitados que foram chamados a participar do evento. E, como se isso não bastasse, logo depois das primeiras incorporações, já tomam para si o título de "mestre divino".
Satisfeitos de sua capacidade mediúnica de incorporar e de falar em nome dos Pretos Velhos e dos Caboclos, logo sobem num pedestal ilusório e passam a encenar o quadro do Sermão da Montanha. Olham do alto para os irmãos, tal como o humilde Jesus, e orgulhosos iniciam uma pantomima que supostamente pretende ensinar aos fracos e oprimidos da última hora. Baseados em sua pouca experiência e sem a devida mudança de pensamentos, hábitos e desejos, levantam-se de peito inflado e voz autoritária sobre os menos favorecidos como verdadeiros "mestres da Galiléia".
Jesus, o exemplo apontado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, não foi um médium dessa estirpe. Ao contrário, desde moço, encheu-se de sabedoria, discernimento, autoridade e virtude para depois transmitir as novas da salvação aos homens de sua época e os dos dias atuais. Não teve como base seus pensamentos e suas experiências, mas sim as Palavras Sagradas dos Profetas.
Jesus não teve olhos para os reinos do mundo. Como médium poderia servir-se de sua condição para angariar respeito e poder diante dos magistrados, sacerdotes e senhores da Judéia, mas rejeitou os oferecimentos políticos, mundanos e passageiros, para continuar humildemente sua missão na Terra.
Jesus não se intitulou "mestre", mas Filho. Não se arvorou como "doutor", mas apresentou-se como Aprendiz diante do Templo. Não subiu num trono para ser rei, mas encurvou-se como "Servo" aos pés dos discípulos.
Assim deve ser a Umbanda praticada por aqueles que se acham estupendos por incorporarem uma Entidade de Luz. Esse deve ser o retrato daqueles que batem no peito e dizem que são "médiuns".
A Umbanda que Jesus praticou foi simples, sem estardalhaços, sem holofotes, sem soberba, mas cheia de doçura como o vinho e de palavras vivas, como as da Montanha.

Deus Salve a Umbanda!

Julio Cezar Gomes Pinto


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O Umbandista e a Internet


A Internet, em pouquíssimo tempo, virou o maior meio de comunicação do mundo. Através das revistas eletrônicas encontramos tudo o que precisamos saber acerca dos mais variados assuntos. Desde a mais recente descoberta ao mais antigo registro da humanidade. Não há nada que fique escondido aos olhos e ouvidos humanos hoje em dia.

Os computadores se transformaram em vitrines, cinemas e bibliotecas. Nunca o homem teve tanta oportunidade de aprender mais. Desde a invenção da imprensa, na idade média, até a televisão, na contemporânea, jamais o homem conseguiu adquirir tanto conhecimento e de forma tão precisa. A Internet surgiu e revolucionou o conhecimento humano.

Os hábitos também sofreram mudanças. O teatro, as livrarias, o cinema e até mesmo a própria televisão tiiveram que se adaptar à nova realidade. A juventude que costumava ficar ligada na tv, agora fica no computador. As pesquisas escolares ganharam muito com a Internet, já as bibliotecas e livrarias, nem tanto.

E, em meio a tudo isto, aparecem as religiões. Cada qual com sua filosofia, ritual e maneira de professar a fé. Há de tudo na Internet: cristianismo, voodoo, bruxaria, protestantismo, islamismo, e é claro... umbandismo. A Umbanda é uma pequena Religião lutando por um lugar no grande panteão religioso que, em muitos casos, governa e massacra as gentes. A expansão da Umbanda faz-se necessário num mundo em que a minoria comanda e massacra a maioria, num mundo em que há tantos sofredores encarnados e desencarnados.

Sem desconsiderar a grande arma de divulgação da fé umbandista em que se tornou a Internet, é preciso porém analisar friamente o que está acontecendo com os filhos de santo ou, como queiram, filhos de Umbanda.

Disfarçados de divulgadores do nome da Umbanda surgem inúmeros filhos de fé que se transformaram em verdadeiros pop star's da Internet. É grande a quantidade de umbandistas que quer "mostrar a cara" a todo mundo, a qualquer custo e de qualquer forma. Sem levar em conta o senso e o respeito às coisas santas, vários médiuns estão colocando em cheque o próprio Terreiro que pisam. Utilizando-se de imagens extremamente pobres e de qualidade ruim, surgem os umbandistas dos dias atuais.

Estampando uma aparência de muita sabedoria e compenetração gritam alguns pretensos estudiosos das coisas ocultas toda uma verborragia sem fim com o propósito de incutir suas convicções infundadas aos menos esclarecidos. São os sábios dos dias atuais que ouviram tudo o que seus mestres encarnados lhes disseram, aceitaram de prontidão suas idéias, e passaram a divulgá-las como verdades absolutas. Ora, a venda de livros caiu vertiginosamente desde a era da televisão, então por que não usar a Internet?

Há também os neófitos que precisam extravasar toda a emoção que sentem por encontrarem o caminho que os tirou de um poço de dúvidas e questionamentos acerca do mundo espiritual. Tudo é novo! Tudo é bonito! Como é belo o mundo dos Espíritos! E lá vão eles para as páginas de relacionamentos mostrar sua conversão, seu batismo, sua primeira incorporação, seu Exu, sua Pomba Gira, seu Velho, seu Altar, sua Tronqueira, etc, etc, etc. E, logo ali, colada à foto do lugar mais sagrado do Terreiro - o Altar - uma foto do seu namorado peladão ou daquela atriz que saiu na revista masculina. Junto do médium que aparentemente está incorporado por um Caboclo, há também o vídeo da mocinha de olhar lânguido e voz sensual que, completamente nua, leva seu pretendente para a cama e mostra o coito cheio de gemidos e palavras obscenas.

Na Internet também não faltam os comerciantes da Umbanda, e de outros cultos, que não têm vergonha de se apresentarem "incorporados" pelo Pai Fulano, ou Cigana Beltrana, ou Mãe Sicrana, e apresentarem seu preço por uma "rodada" de baralho ou "lançada" de búzios. E, para confirmarem seu poder, exibem uma infinidade de penduricalhos no pescoço, rendas, lamês, turbantes, palhas e vários outros utensílios ritualísticos. É claro, não podia faltar a filmagem de uma roda de pólvora, de uma incorporação de Exu, do sacrifício de uma galinha. Tudo filmado em primeiro plano e com riqueza de detalhes em close.

Os oportunistas também não deixam de se exibir na Internet. Há hoje um grande número de candidatos a isso ou aquilo, desejosos de poder, já que o Terreiro se tornou pequeno para eles exercitarem seu poder de persuasão. Prometem ser os defensores da fé alheia, os candidatos dos humilhados e reprimidos, o salvador da religião! Consideram que a política, palco de escândalos interesseiros e mesquinhos, será a força que impulsionará a pobrezinha da religião que não consegue se unir nem dentro dos próprios centros.

Em profusão, proliferam os que necessitam de auto-afirmação. Aqueles médiuns frustrados por nao estarem à frente de um terreiro, chefiando e ditando normas que eles consideram as mais certas. Alguns babalaôs e babás que sentem uma grande inveja por não terem um belo templo. Alguns pais e mães que não conseguem chefiar nem mesmo os filhos de sangue. E também os filhos de Umbanda que ainda não aprenderam que mediunidade não é qualidade de um ser altamente iluminado ou de um "enviado" especial das Hostes Celestes. Mas, mesmo assim, querem se auto-promover e estabelecer sua condição de Mensageiros do Alto. E, baseados nessa premissa, expõem sem critério suas imagens de umbandistas ataviados de Zé Pelintra, Pomba-Gira, Exu, Marinheiro, Caboclo de pena e sem pena, desnudos, embriagados, maquiados, empunhando taças e garrafas; com capas, espadas e chapéus, lanças, bodoques, flechas; vestidos de baianas, damas da corte, marujos, índios e outros personagens saídos dos contos de terror e da Vó Benta - Não a Preta Velha - mas a do Sítio do Pica-pau.

Mesmo que a Espiritualidade não tenha aparelhos de computador em Aruanda, no Juremá ou no Humaitá, os Guias e Mentores da Religiao de Umbanda estão conectados com o que seus diletos aparelhos, cavalos e burros estão fazendo aqui embaixo, na Terra. Nada está passando desapercebido, pois não necessitam de uma tela ou da própria Internet para estarem a par do que andam fazendo em nome da Umbanda.

Como cantam os sábios Pretos Velhos, "a Umbanda é linda, pra quem sabe ler. Quem não conhece Umbanda, diz que Umbanda é cangerê!".

Deus Salve a Umbanda

Julio Cezar Gomes Pinto

Estudos Umbandistas






Olá, Irmãos Umbandistas!


Todos já devem ter percebido como os Mentores Espirituais da Religião de Umbanda Sagrada têm se movido nos últimos tempos. Temos visto jornais, revistas, TV´s, Sites e vários outros meios de divulgação levando informações úteis e maravilhosas a todos os interessados e aos seguidores da Umbanda. Já perceberam como os encontros de umbandistas têm acontecido com mais freqüência? Aqui e ali há alguma palestra, seminário, show ou debate. Os encarnados têm sido verdadeiros instrumentos do Plano Espiritual, cada um com sua corrente de pensamento ou com sua limitação.

Os novos adeptos da Sagrada Umbanda têm se preocupado em conhecer mais profundamente a doutrina e os fundamentos dela. Não estão mais só preocupados com o que estão vendo acontecer nas Giras, mas estão buscando a profundidade do ritual adotado pelo Terreiro onde frequenta. O novo adepto não é mais um curioso ou espectador das incorporações, danças e passes, mas é alguém que está encantado com a beleza da Religião que abraçou e quer aprender mais sobre ela.

Há, portanto, uma grande responsabilidade sendo colocada sobre os ombros de Dirigentes, Chefes de Terreiro, Coordenadores de Grupos, Pais e Mães de Santo Umbandistas. Estes são os responsáveis diretos pela educação mediúnica e pelo desenvolvimento sadio dos filhos e dos frequentadores de suas Tendas, Centros ou Terreiros. É preciso que nossos respeitáveis Chefes e Zeladores tomem consciência da importância de propiciar aos membros de suas Casas informações verdadeiras e coerentes sobre a Umbanda Sagrada. Está na hora de se implantar salas de estudo doutrinário em seus Terreiros. Faz-se mister que sejam fortalecidas as bases de nossa Religião através da leitura e do estudo sério e comprometido com a evolução.

Temos visto algumas Casas de Umbanda levando os ensinamentos de Allan Kardec para os frequentadores e médiuns da sua corrente. É muito louvável e merece todo o respeito por parte de todos. Porém, existe em todos os lugares do País material de sobra que trata da Doutrina Umbandista que pode ser utilizado nas suas reuniões de estudo. Há hoje muitos e ótimos escritores umbandistas que não têm medido esforços para publicar livros profundos e cheios de sabedoria. Há muita coisa boa nas prateleiras das livrarias brasileiras sobre o ritual da Umbanda, sobre os trabalhos dos Caboclos e Pretos Velhos, sobre o "mito" Exu (que precisa sair dessa condição em muitas casas...), sobre sacramentos de Umbanda, sobre a música umbandista (Vejam o trabalho do Terreiro Pai Maneco, de Sandro Matos, do Grupo Aruanã, etc...). Há ainda as bancas de revistas com ótima literatura à disposição como a Revista Espiritual de Umbanda, a Revista de Umbanda Sagrada, a Revista Orixás e muitas outras. A Internet está repleta de material para ser utilizado. Tem até vídeos doutrinários!

Irmãos Umbandistas, vamos amar a nossa Religião! Ela é tão Sagrada! tão Branca!, tão Pura! tão Natural! e tão Rica!!!

Vamos ensinar aos nossos médiuns e seus filhos o que é ser Umbandista. Vamos todos juntos atravessar o Centenário da Umbanda: pais, filhos, amigos, conhecidos, simpatizantes e curiosos.

Não deixemos mais os nossos irmãos neófitos terem vergonha de dizer que seguem a Religião de Umbanda Sagrada. Somos Umbandistas, e amamos e respeitamos os nossos irmãos (embora talvez não nos tratem assim...) evangélicos, católicos, espíritas - ainda que o Espiritismo não seja religião - budistas, candomblecistas e tudo o mais... Mas, SOMOS UMBANDISTAS!!

Julio Cezar Gomes Pinto

Por Quê Cobrar o Passe?





Ao que parece, há uma certa tolerância de alguns umbandistas para o assunto das cobranças pela caridade.

Existe uma corrente que justifica determinadas cobranças monetárias pelos serviços realizados nos terreiros de Umbanda ou em casas que assim se denominam. Não é de hoje que diversos "filhos de fé" praticam atos que não estão de acordo com o que foi anunciado há cem anos como parte do ritual do "novo culto" que ora se instalava no solo brasileiro.

Em nome do que chamam de "pagamento pelo chão", ou "pagamento pelo jogo", ou algo semelhante, umbandistas de várias vertentes da religião disseminaram uma prática que já foi combatida por todos os antigos e grandes decanos do passado. Explicaram, baseados em uma conversa muito bem elaborada e verossímil, que o pagamento pelos seus serviços de auxílio ao próximo são legítimos e corretos. "Não há mal algum nisso", defendem-se.

A máxima que define a Umbanda: "manifestação do espírito para a caridade", já ficou sem sentido. Essas palavras não encontram eco nas esquinas ou fundos de quintal onde se encontram umas casinhas com placas que as identificam como terreiros de Umbanda.

Uma observação mais apurada revelará o esquema que ali ocorre sob a anuência dos próprios frequentadores do lugar.

Ali, debaixo do silêncio de algum Pai Preto ou Caboclo, a troca da caridade por qualquer valor material é realizada sem protextos ou rubor de faces. Afinal, alguém tem que pagar!

Naquelas casinhas observa-se o tão sincero e simpático paizinho de santo incorporado por seu mentor falando humilde e cheio de simplicidade. Mas, ao seu lado, em posição de guardião, aquele que vai estender a mão para solicitar o pagamento devido. E a entidade ainda dá um sorriso cordial e roga-lhe as bençãos dos céus.

Na outra casinha de umbanda mais adiante, parecida até com uma tenda, um outro médium caracterizado de oriental pelas roupas e adereços minuciosamente produzidos para tais momentos movimenta as mãos com diversas cartas coloridas e cheias de figuras simbólicas na frente de uma mulher desesperada. A mulher está com os nervos em frangalhos porque o marido que ela tanto ama está diferente e prestes a abandonar o lar. Ela quer saber se isto vai acontecer de fato, ou se é apenas paranóia de uma mulher neurótica.

O médium diz que precisa "ler" nas cartas, mas que para isto deve receber as moedas correspondentes. "Não vou conseguir ver o seu futuro se você não pagar pelo jogo", declara o médium. Isto não é caridade, explica. Ora, não é caridade o socorro que ele vai prestar àquela mulher desesperada, portanto a sorte está lançada. Azar o dela, se as cartas disserem que o fulano já está com outra... Mas, o dinheiro tem que estar na mão do jogador, antes que a verdade venha à tona.

Mais uma casa adiante e uma nova surpresa: lá está a mãezinha tão doce do terreiro de umbanda que se ergue num bairro próximo. Ali, na casa dela, território particular, domínio seu, a coisa muda. Lá no terreiro, tudo é de "grátis". Lá, quem manda é "cabocro", mas ali quem dá o preço é a "Mãe Maria da Consolação Anunciada do Rosário Nazareno d'Oxum". E como ela sabe jogar os búzios!

No terreiro ela não pode, mas na sua residência ou consultório particular, sim... pode! Ali, na casinha com plaquinha de Umbanda, a mãezinha sacoleja vários búzios e despeja-os sobre uma cestinha de palha.

Um olhar compenetrado... Uma expressão instigante... Um silêncio mortal... e a declaração oriunda do além.

Depois do jogo, tudo pago conforme reza a cartilha, um pequena receita que vai lhe custar uma grande quantia. Mas, não há nenhuma garantia de que tudo vai funcionar. Vai depender do merecimento, ou da fé, ou da Vontade de Zambi, ou do Carma, ou dos Irmãos Espirituais, ou do Exu, ou da Pomba Gira, ou da mente, etc, etc, etc.

Se alguma coisa der errado, não há problema, pois o "pagamento" já foi efetuado através do cartão de crédito ou em espécie. Cheque...?!, Nem pensar!!!

Será que tudo isto foi previsto há Cem Anos atrás?

O chicote do Mestre só serviu para os do Templo de Salomão?

Será que o pagamento pela Escravatura da Colônia está sendo cobrado hoje?

O que mais falta acontecer?!

Ah, sim... Falta pagar o passe!

O passe deixou de ser livre.

Reflitam!

Deus Salve a Umbanda!

A Codificação da Umbanda





Não é necessário dizer que sempre vai haver correntes contrárias à Codificação. Sempre surgirão pessoas que irão levantar a sua opinião e dizer que são contra a tão falada e almejada Codificação da Religião de Umbanda.



É lógico que numa sociedade tão divergente quanto a brasileira, a diferença de pensamentos é notória. Há correntes de pensamentos diferentes até mesmo dentro das maiores religiões. Dentro do catolicismo, que segundo o Censo do IBGE continua sendo a maior religião do Brasil, há aqueles que adotam a linha carismática, outros seguem a linha (ou corrente, ou pensamento, que seja) franciscana, outros seguem os pensamentos tradicionais, etc. No protestantismo, analisamos os maiores segmentos e vemos que uns aceitam os dons espirituais, outros não. Há aqueles que optam por instituir usos e costumes, outros porém são mais liberais.



Entretanto, todos estes seguem um código institucional. Adotaram a Bíblia como bússola e livro de códigos válido para todos os seguidores. Mesmo que os fiéis leiam outros autores que discorrem sobre varios assuntos dentro da própria Bíblia, o Código dessas religiões continua prevalecendo. Permanece inalterado pois assim foi definido pelos dirigentes daquelas religiões. O Papa continua redigindo bulas e decretos, mas a sua base de pensamentos é a Bíblia. Os pastores e bispos evangélicos escrevem livros e definem a ordem nas suas igrejas e comunidades, mas a base de seus escritos é a Bíblia, o Código Cristão!Há inúmeros e maravilhosos escritores e oradores espíritas, tais como Chico Xavier e Léon Denis, e ambos usam o código instituído por Allan Kardec. Os que seguem os ensinamentos de Maomé, têm n'O Alcorão, o seu Código Islâmico.Mesmo pequenos, como somos de fato, há que se determinar também um Código Umbandista!



Uma grande religião segue uma direção só. E esta direção é definida pelo seu conjunto de ordens e determinações.



Uma religião que segue desordenada, sem uma base definida, sem um conjunto de preceitos e fundamentos determinados, tende a se perder ao longo dos tempos. Vai chegar num ponto em que a confusão estará tão disseminada que ninguém vai mais se entender. O adepto não saberá em qual tenda ou terreiro deve ficar porque, sob a mesma "bandeira", sob o mesmo nome, ele encontra coisas totalmente contrárias entre si. Nunca saberá quem está falando a "Verdade", pois é o que ele está procurando.



Ora, um rebanho necessita apenas de um pastor. Isto é científico e tradicional! Sem a figura protetora do pastor, as ovelhas se dispersam. Se houver mais de um pastor, o rebanho não saberá a quem seguir, pois ambos caminham em direções opostas. Se houver muitos pastores, então! As ovelhas não sairão do lugar!!!



Não é o que desejamos para a Umbanda!



Almejamos o reconhecimento e a união! Almejamos o respeito que merecemos e merecem mais ainda os queridos Pretos Velhos.



Um código, sem dúvida, vai definir O Caminho que a Umbanda deve seguir.



O Um Código Umbandista arrancará do seio da nossa religião os mistificadores e falsos umbandistas, pois só assim é que poderemos extirpá-los do nosso meio. Os mercadores da fé também ficarão na marginalidade, pois não poderão se intitular mais umbandistas. Vejam o exemplo do que acontece com os ditos "espíritas" que não seguem as determinações de Allan Kardec.



A Umbanda merece ter um Código que defina suas bases doutrinárias e delineie a conduta do umbandista que segue com integridade aquilo que os Guias determinam.



Julio Cezar Gomes Pinto