sexta-feira, 29 de julho de 2022

História da Umbanda - Parte 1 - Introdução

A História da Umbanda Sagrada não pode ser desvinculada da figura memorável do médium Zélio Fernandino de Moraes, carioca da cidade de Niterói - Rio de Janeiro. O primeiro ritual; a primeira menção do termo "umbanda" (tão propalado e tão analisado) e a primeira tenda verdadeiramente instituída, tiveram início a partir do assustado rapaz de dezessete anos de idade, nos idos de 1908.
Várias foram as tentativas para tirar o mérito do jovem Zélio.Várias foram as hipóteses levantadas para dar uma nova gênese para a Religião que estabilizou-se como um autêntico culto brasileiro. Idealizaram, ao longo dos anos, diversas teorias para explicar a origem de algo tão simples e tão espetacular ao mesmo tempo como é a Religião nascida no distrito de Neves, em Niterói.
Mirabolantes idéias surgiram e foram se espalhando pelas cidades brasileiras ao mesmo tempo em que a Umbanda crescia e se estabelecia como a mais nova crença espiritualista do Brasil. Livros e mais livros foram escritos com esse propósito. Como citam alguns autores, quiseram "enbranquecer" a Umbanda; quiseram africanizá-la, tentaram milenizá-la e procuraram explicá-la do ponto de vista esotérico (modismo das décadas de 70 e 80) e do ponto de vista cabalístico (a partir da década de 90), tal é o fascínio que a menininha brasileira desperta nos estudiosos.
Outros, de forma preconceituosa, jogaram pedras e espinhos no caminho da Umbanda. Quiseram enlamear sua branca bandeira da caridade, acusando-a de feitiçaria, bruxaria, curandeirismo, demonismo, baixo-espiritismo e outros termos pejorativos, cheios de discriminação.
A Umbanda foi ultrajada, mal-falada, incompreendida e achincalhada, mas fixou suas bases nos corações de mulheres e homens necessitados, conquistou o amor de verdadeiros e corajosos baluartes da Religião, ganhou a confiança de indivíduos cheios de tabus religiosos e dogmas castradores, avançou em meio a uma sociedade preconceituosa e intolerante e se firmou no cenário religioso brasileiro como a Única Religião originariamente brasileira.
Controvérsias à parte, a verdade é que a Religião de Umbanda tornou-se um verdadeiro pronto-socorro para pessoas aflitas e desenganadas. Através das mansas palavras dos Pretos Velhos, espíritos cujas força e paciência são admiráveis, e das receitas miraculosas de banhos e garrafadas à base de ervas ensinadas pelos Caboclos, muitos encontraram a salvação em tendas e terreiros erguidos em fundos de quintal, em pequenos Congás improvisados a partir de aposentos domésticos ou até mesmo debaixo de arvoredos ao ar livre. Criaturas humanas consideradas loucas ou esquizofrênicas descobriram o equilíbrio e a inevitável condição de médiuns nas reuniões umbandistas chamadas Giras.


Graças aos Pretos Velhos e à sua linguagem característica carregada de palavras utilizadas no período colonial brasileiro e aos seus maneirismos na utilização de cachimbos, pembas, velas e rosários, a Umbanda recebeu a fama de ser uma religião africana. Quiseram relegar os amados espíritos conhecidos como Pai Antônio, Pai Joaquim e Maria Conga ao gueto, considerando-os espíritos atrasados e cheios de vícios materiais. Devido aos banhos, remédios, charutos e brados de Caboclos conhecidos pelos nomes de Sete Flechas, Jurema e Pena Branca, lançaram o veredito de que a Umbanda era apenas uma das muitas ramificações da pajelança e dos extintos cultos indígenas brasileiros. Alguns quiseram até mesmo torná-la um pouco mais aceitável, buscando nos antigos povos Maias, Incas e Astecas, a origem milenar dos espíritos que se apresentavam como simples caboclos.
Os rituais de mesa, a utilização do Evangelho Segundo o Espiritismo, as preces e a propagação do nome de Jesus dentro dos terreiros foram os motivos para que muitos homens se levantassem do silêncio e do anonimato e se arvorassem como profundos entendidos das coisas espirituais e classificassem a Religião de Umbanda como uma forma deturpada do espiritismo de Allan Kardec. Levantaram-se armados com livros e força policial para fechar as casas umbandistas e aprisionar os médiuns, homens e mulheres simples que apenas queriam ajudar o próximo. O amor e a compreensão deram lugar ao ódio e à intolerância. "A caridade, ensinamento primordial de Jesus, não podia ser realizada por pessoas leigas e atrasadas em sua evolução intelectual".

O sincretismo com outras crenças, fato extremamente necessário à expansão da Umbanda, causou comichões em vários teólogos e defensores da fictícia pureza das doutrinas já estabelecidas. A presença de determinadas imagens nos altares de Umbanda, algumas rezas e a utilização de objetos oriundos de ritos católicos despertou o furor de alguns beatos que passaram a acusar os umbandistas de hereges e os chefes de terreiro de falsos profetas da idade contemporânea. Outros, mais enfurecidos, iniciaram uma campanha silenciosa para descrédito da veracidade da existência de personagens históricos como São Jorge e os Santos Cosme e Damião, justamente pelo fato de serem honrados nos Pegis de Umbanda.
O crescente número de charlatães e mistificadores no seio da Umbanda, fato inerente a todas as religiões do mundo, provocou as autoridades que encontraram motivos de sobra para invadir casas particulares e terreiros. Já a vaidosa sabedoria de uns poucos homens que se denominavam mestres e doutores, fez com que surgissem diversas facções dentro da novel religiao, transformando associações e federações em quartéis generais fortemente preparadas para uma batalha de interesses. Surgiram então, os vários órgãos, conselhos e outros agrupamentos rivais entre si. As diferenças de opiniões partiram dos centros vizinhos e ganharam os Estados brasileiros.
Mas, em meio a esse turbilhão de fatos negativos, a Umbanda conseguiu sobreviver e não sucumbiu diante das intempéries. A forte e vigorosa Umbanda Sagrada atravessou os escombros e atingiu o outro lado da situação. Avançou, ao longo dos anos, a passos lentos, firmes e cheios da autoridade dos Espíritos Mentores de Aruanda. Apesar dos ventos fortes contrários, a bandeira da Umbanda prosseguiu empunhada pelos reais defensores da Caridade e completou Cem Anos de existência no Plano Material. Humilde como uma pomba, mas Forte como um Leão, nao se deixou abater.

Foto do Zélio: Retirado do Site Registros de Umbanda, to texto de Fernando Guimarães
http://registrosdeumbanda.wordpress.com/2009/12/13/o-vereador-zelio-fernandino-de-moraes/

História da Umbanda - Parte 2 - A Anunciação

Qualquer iniciativa de explicação da origem da Umbanda deve levar em conta a importante parcela de colaboração que Zélio Fernandino de Moraes deu para o surgimento do culto que durante muitos anos foi relegado à marginalidade. O novo culto surgido no âmbito doméstico do carioca Zélio não trazia qualquer alusão a práticas criminosas em sua liturgia que contribuísse para uma atitude tão radical por parte de algumas autoridades políticas e religiosas desde então. A Umbanda deu os primeiros passos baseada no ritual que trazia uma liturgia simples, recheada de cânticos, rezas e orações. Grande parte das orações já era conhecida do povo cristão do início do século XX. Os símbolos e os ícones religiosos do primeiro altar levantado em nome da Umbanda pertenciam à crença popular da época, demonstrando, portanto, que o ritual não se baseava numa cultura desconhecida capaz de causar o espanto de ninguém. A mediunidade, mola propulsora da nova religião, era algo já explorado por benzedeiras e rezadores e estudado pelas primeiras congregações espíritas daqueles tempos. As manifestações, contudo, se limitavam a reuniões fechadas ao público comum. A explicação para tanta aversão está na novidade da crença e no preconceito em relação ao “diferente”, já que muitos têm o hábito de rechaçar, por medo ou por falta de conhecimento, aquilo que é novo e estranho.

A história do surgimento da Umbanda a partir da manifestação mediúnica de Zélio de Moraes difundida por todo o território brasileiro merece consideração e estudo profundo.

Ela tem fundamento e não teve início nas citações poéticas de romancistas e contadores de estórias. A que história que estará nas páginas seguintes foi baseada em depoimentos do próprio Zélio e de parentes e amigos que viveram ou conheceram o carioca que aos dezessete anos iniciou um grandioso trabalho em favor dos Espíritos necessitados. Também serão consideradas as palavras de vários estudiosos e pesquisadores que, movidos pela constante busca da verdade, escreveram sobre a Umbanda e o seu início a partir de 1908.
É fato, portanto, que verdadeiramente existiu um homem vitimado por uma paralisia estranha e por acessos semelhantes aos sintomas epilépticos ou, como quiserem alguns, parecidos com os de uma possessão demoníaca. Na verdade, as coisas que sobrevieram ao Zélio nada tinham de macabro, ou eram obra do demônio, pois compreendiam a exteriorização da mediunidade que o moço possuía. Esse afloramento peculiar causou a propagação do novo culto mais tarde.
Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1891 no antigo Estado da Guanabara, atual Rio de Janeiro. Cresceu e viveu, desde a infância até a juventude, sob os cuidados de seus pais em São Gonçalo, município vizinho de Niterói, mais precisamente no bairro das Neves.
Leal de Souza, jornalista que conheceu de perto a família Moraes, relatou no livro “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda” (obra publicada em 1933) que Zélio pertencia a uma família humilde cuja residência era “uma casa pobre de um bairro paupérrimo” (SOUZA, 1933, pág. 66) que ficava na Rua Floriano Peixoto, nº 30.
Filho de Dona Leonor de Moraes e Joaquim Fernandino Costa, militar reformado da Marinha, e tendo Zilka como única irmã, Zélio concluiu, aos dezessete anos de idade, o curso de propedêutica – espécie de ensino preparatório – e fazia planos para seguir a carreira militar. Seu desejo era ingressar na escola Naval, tomando como exemplo a figura do pai.
" Na minha família, todos são da marinha: almirantes, comandantes, um capitão-de- mar-e-guerra” – declarou certa vez, aos 82 anos de idade.
Tinha Zélio ainda a idade de 17 anos quando misteriosos acontecimentos tomaram vulto em sua vida.Franzino e de saúde frágil, Zélio começou a ter ataques estranhos na escola e no ambiente familiar à vista de todos e em momentos inesperados. De vez em quando, o rapaz era apanhado falando manso e suave e com postura semelhante a um homem velho, cujas palavras tinham um sotaque diferente, como se o Zélio fosse de outra região brasileira. Noutras vezes, sua voz assumia um tom enérgico e seu corpo apresentava uma postura vigorosa com um semblante sério e pesado. As coisas que Zélio falava também causavam espanto e medo, pois eram palavras desconexas, linguajar confuso e mensagens aparentemente sem sentido.
Tais “ataques” preocuparam toda a família que percebeu o perigo que aquilo poderia trazer à carreira do jovem, pois muitos parentes acreditavam que o rapaz estava ficando louco. A freqüência com que Zélio tinha as manifestações levou os pais a procurarem socorro junto a um tio dele, o irmão de Leonor.
Dr. Epaminondas de Moraes, tio de Zélio, era médico psiquiatra e dirigia o Hospício de Vargem Grande quando recebeu a visita dos pais assustados do rapaz. Dr. Epaminondas estudou o caso, pesquisou a literatura médica à época e observou o fato durante vários dias. Porém, nada encontrou que pudesse contribuir para algum diagnóstico. Nenhuma doença mental possuía os sintomas que ajudassem a esclarecer o que vinha acontecendo com o sobrinho. Vencido, o médico sugeriu que encaminhassem o Zélio a uma sessão de exorcismo e o colocassem aos cuidados de um padre, já que ele podia estar sendo vítima de demônios.
Zélio foi conduzido a outro parente, um padre católico, a quem caberia o trabalho de exorcizá-lo e afastar as entidades das trevas. O sacerdote, tio avô de Zélio, aplicou-lhe o ritual de exorcismo e também não obteve êxito.
Dona Leonor de Moraes, mãe de Zélio, levou o rapaz a uma negra benzedeira chamada Cândida que realizava curas. Dona Cândida também era médium e recebia a incorporação de um Espírito o qual se identificava pelo nome de Tio Antônio. A entidade recebeu o Zélio, aplicou-lhe passes e rezas e depois disse categoricamente que na verdade o que o moço tinha era proveniente da mediunidade que estava aflorando e que ele deveria “trabalhar” na caridade. Mas, as manifestações da mediunidade que estava prestes a aflorar com espantosos resultados futuros estavam apenas começando.
No início do ano de 1908, uma estranha paralisia jogou o rapaz sobre a cama e o manteve assim por certo tempo. Preocupados com a saúde do moço, seus pais chamaram médicos que o examinaram e nada conseguiram descobrir. Porém, no dia 15 de novembro do mesmo ano, a enfermidade desapareceu repentinamente sem que deixasse qualquer seqüela. Curiosamente, o próprio Zélio anunciou um dia antes que estaria curado na manhã seguinte:
" Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos – disse ele em entrevista a Lilian Ribeiro, para a revista Gira de Umbanda, em 1972. – Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que no dia seguinte estaria curado. Isso foi a 14 de novembro de 1908.”
Incomodado com a situação do filho e ansioso por resolver o problema que já se arrastava por um bom tempo, Joaquim Costa levou o Zélio a uma casa espírita da cidade de Niterói no dia 15 de novembro de 1908 após ouvir conselhos de amigos (¹). Tal casa foi definida pelo Zélio como sendo a “Federação Espírita de Niterói”.
Apesar de toda a família pertencer à Igreja Católica, o pai de Zélio era adepto do espiritismo à época, conforme relata Leal de Souza. Leal declarou que “o Caboclo das Sete Encruzilhadas... escolheu para seu médium, o filho de um espírita...”. Esta afirmativa foi corroborada anos mais tarde por Zélia de Moraes Cunha, filha de Zélio, em entrevista ao sacerdote umbandista Rivas Neto em 1990.
" O meu avô era espírita – disse ela –, mas espírita kardecista.”
A sessão espírita a que Zélio compareceu no dia 15 era presidida por um homem chamado José de Souza, conhecido pela alcunha de “Zeca”, chefe de um departamento da Marinha chamado Toque-Toque. Zélio foi convidado pelo próprio dirigente a sentar-se à sua direita na mesa.
O moço sentiu-se “deslocado, constrangido, em meio àqueles senhores”, segundo descreveu anos mais tarde. Sem saber o motivo, em dado momento da reunião, disse:
" Falta uma flor nesta mesa. Vou buscá-la!”
O dirigente e os demais participantes da sessão espírita o advertiram de que não podia ausentar-se da sala. Entretanto, “logo em seguida levantou-se, contrariando as normas do culto estabelecido pela instituição... Foi até um jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho” (GUIMARÃES, Lucília; GARCIA, Éder Longas e MATA VIRGEM, Sociedade Espiritualista).
Sob o olhar atônito de Joaquim e dos demais membros do grupo espírita, Zélio voltou a sentar-se à mesa e os trabalhos afinal tiveram início.
Alguns Espíritos começaram a se manifestar na reunião e Zélio ficou aborrecido com as atitudes dos médiuns presentes.
" Verifiquei que os espíritos que se apresentavam ao vidente como índios e pretos, eram convidados a se afastar” – relatou Zélio na entrevista.
Nesse instante, Zélio foi tomado por “uma força estranha” que o impeliu a levantar-se novamente.
" Por quê não podem se manifestar esses Espíritos?” – perguntou Zélio.
O rapaz defendeu-os dizendo que “embora de aspecto humilde, eram trabalhadores”. Em declaração à revista “Seleções de Umbanda”, em 1975, Zélio revelou que apenas ouvia a própria voz, pois falava sem saber o que dizia.
A partir daquele momento, um debate se estabeleceu no recinto, pois até mesmo o Zélio recebeu a incorporação de um Espírito que argumentava seguramente com os responsáveis pela mesa. Os integrantes da mesa espírita resolveram, então, doutrinar e afastar o Espírito que falava por intermédio de Zélio.
O Espírito foi visto mediunicamente por um dos “senhores de cabelos grisalhos” que também era médium vidente. O Espírito tinha a aparência de sacerdote cristão, pois trajava roupas clericais, típicas dos jesuítas. Anos mais tarde, na entrevista a Lilian Ribeiro, ele mesmo revelou através da psicofonia que tinha sido em outra encarnação o sacerdote jesuíta Gabriel Malagrida. O Padre Gabriel Malagrida, figura impressionante que depois será abordada nestes escritos, foi queimado na fogueira da Santa Inquisição por prever o terremoto que arrasou Lisboa em 1755.
Zélio explicou que o Espírito não estava de acordo com a federação “kardecista” por não aceitar a manifestação de “caboclos e pretos”. Ora, se no Brasil existiam caboclos, nativos e negros da Costa d’África trazidos pelos exploradores para trabalharem e engrandecerem o País, “como é que uma federação espírita não recebia caboclo, e nem preto?!”, disse o Zélio em entrevista.
A insistência do Espírito em advogar em favor dos negros, índios e mestiços do Brasil deixou o médium vidente um tanto aborrecido.
" O irmão é um padre jesuíta! – afirmou o médium. – Por quê fala dessa maneira e qual é o seu nome?
Independente da vontade de Zélio, respondeu o Espírito profetizando:
" Amanhã na casa deste meu aparelho (o próprio Zélio), na Rua Floriano Peixoto, nº 30, será inaugurado uma tenda espírita com o nome de Nossa Senhora da Piedade, que se chamará Tenda de Umbanda, aonde o preto e o caboclo possam trabalhar, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados."
E, o Espírito completou a profecia, afirmando:
" E, se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas."

(¹) A respeito da casa espírita para onde Zélio Fernandino de Moraes fora conduzido, existem controvérsias que carecem de esclarecimentos, uma vez que a veracidade de todos os fatos conhecidos até então entra em conflito a partir do momento em que se torna pública a declaração de Yeda Hungria, Diretora de Divulgação da Federação Espírita de Niterói (atual Instituto Espírita Bezerra de Menezes).
Segundo a Diretora, a Federação não dispunha de sede própria à época dos acontecimentos relativos à visita de Zélio de Moraes, mas tão somente ocupava uma sala no Centro de Niterói, na Rua da Conceição, sendo impossível, portanto, que o Zélio tenha saído rapidamente da sala, buscado uma flor e colocado sobre a mesa de reunião mediúnica. É possível, todavia, que o Zélio tenha sido levado para algum Centro filiado à Federação de Niterói e, devido à repetição da história tradicional, o nome da casa tenha se perdido.
A Ata nº 1 da Federação relata que o presidente à época era o Sr. Eugênio Olímpio de Souza. Também “não consta o nome de nenhum José de Souza entre os membros da diretoria e muito menos na relação de associados. Tampouco consta no referido livro de atas a realização de reunião” no dia 15 de novembro de 1908. É importante ressaltar, entretanto, que por uma estranha coincidência, o sobrenome do presidente da Federação era o mesmo do citado na tradição oral.
Tais informações vieram à tona através do texto “Eis que o Caboclo veio à Terra “anunciar” a Umbanda”, publicado por José Henrique Motta de Oliveira, Mestre em História Comparada - UFRJ/ PPGHC, em História, imagem e narrativas, nº 4, ano 2, abril/2007 – ISSN 1808-9895.



Bibliografia:
SOUZA, Leal. O Espiritismo, Magia e as Sete Linhas de Umbanda. Rio de Janeiro: [s.n], 1933.

GUIMARÃES, Lucília; GARCIA, Éder Longas e MATA VIRGEM, Sociedade Espiritualista. A Origem da Umbanda. Disponível em: http://www2.odn.ne.jp/nec-j/pages/umbanda_orig.htm, Núcleo Espírita Cristão do Japão, último acesso: segunda-feira, 20/04/2009.

OLIVEIRA, José Henrique Motta de. Eis Que o Caboclo Veio à Terra “Anunciar” a Umbanda. Disponível em: http://www.historiaimagem.com.br, História, imagem e narrativas, nº 4, ano 2, abril/2007 – ISSN 1808-9895.

RIBEIRO, Lilia; Lucy e Creuza. Gira da Umbanda, Revista; Ano 1 – Número 1, 1972.

LUA, Brigith. Desenvolvimento Histórico Anterior ao Surgimento da Umbanda. Disponível em Grupo Casa de Umbanda, último acesso: terça-feira, 27/04/2010.

RIVAS, Maria Elise Gabriele Baggio Machado. O Mito de Origem, Uma Revisão do Ethos Umbandista no Discurso Histórico. São Paulo, Abril/2008. Trabalho de conclusão de curso Bacharelado em Teologia Umbandista – FTU Faculdade de Teologia Umbandista.

GUMARÃES, Renato. Registros Umbanda, Blog – Imagens. Último acesso em 13/12/2009.