terça-feira, 19 de junho de 2012

Projeto de Lei Proíbe Sacrifício de Animais em Rituais Religiosos

Foi publicado no Diário Oficial, no dia 15/10/2011, o Projeto de Lei 992/2011, de autoria do deputado Feliciano Filho, que proíbe a utilização e o sacrifício de animais em rituais religiosos no estado de São Paulo.
O projeto atende à solicitação de muitos defensores e protetores dos direitos dos animais que vêm lutando em todo o Brasil pelo fim dessa prática. Afinal, a constituição estabelece que é papel do Poder Público vedar, na forma da lei, práticas que submetam os animais a crueldades (Art. 225º).
A ideia é também fazer valer o artigo 32 da Lei Federal de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998), que pune quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais – com agravante se o animal morrer. Em São Paulo, a prática seria ainda passível de multa no valor de R$ 5.235,00 por animal.
“Somos favoráveis à preservação e ao incentivo às tradições e manifestações culturais, bem como ao exercício dos cultos e liturgias das religiões de matriz africana,” afirmou o deputado. “Contudo, não podemos permitir que animais indefesos sofram esta crueldade.”
O projeto começa a tramitar esta semana e deve ir a votação no início do ano que vem.
Com base nessa notícia participe da nossa enquete: "O sacrifício de animais é necessário na Religião de Umbanda?"

Leia o Projeto na íntegra:




PROJETO DE LEI Nº 992, DE 2011

Proíbe o uso e o sacrifício de animais em práticas
de rituais religiosos no Estado de São Paulo
e dá outras providências.



A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECRETA:


Artigo 1º - Fica proibido a utilização e/ou sacrifício de animais em práticas de rituais religiosos no Estado de São Paulo.


Artigo 2º – O descumprimento do disposto na presente Lei ensejará ao infrator, a multa de 300 UFESP’s (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) por animal, dobrando o valor para cada reincidência.


Artigo 3º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.




JUSTIFICATIVA


A Constituição da República Federativa do Brasil estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225º, VI). Para assegurar a efetividade desse direito, incube ao Poder Público: Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (§ 1º, VII).


Somos favoráveis à preservação e ao incentivo às tradições e manifestações culturais, bem como ao exercício dos cultos e liturgias das religiões de matriz africana, contudo, não podemos permitir que animais indefesos sofram esta crueldade.


Por todo o exposto, contamos com a colaboração desses Nobres Pares para aprovação do Projeto de Lei em tela.


Sala das Sessões, em 11/10/2011


a) Feliciano Filho – PV


sábado, 16 de junho de 2012

A Linha dos Ciganos

A corrente astral de Umbanda é aberta a todos os espíritos que queiram praticar a caridade, independentemente de suas origens terrenas e de suas encarnações. Houve época em que dirigentes umbandistas não aceitavam ciganos em seus trabalhos, mas a Umbanda acolhe em suas linhas de trabalho todos os filhos de Deus que queiram praticar a caridade.
Tamanha foi a simpatia do povo umbandista pelas entidades ciganas e grande foi a seriedade do seu trabalho, orientando com sabedoria, ensinando a beleza da criação e a alegria de viver, que foi criada uma “Linha” de ação específica para eles, com sua própria hierarquia, magia e ensinamentos.


Filhos do Vento – O Arquétipo da Liberdade

Uma característica marcante do povo cigano é a liberdade, em relação às nacionalidades, aos padrões sociais e aos preconceitos que escravizam. Os ciganos são poeticamente denominados “Filhos do Vento”, por sua liberdade, fluida mobilidade e errância, sempre ao sabor do vento, percorrendo os quatro cantos do mundo em sua mágica trajetória. Profundos conhecedores dos caminhos, em sua saga milenar vêm recolhendo conhecimentos iniciáticos de todas as culturas e tradições.
Outra característica marcante é o seu conhecimento magístico e curandeiro, principalmente nos campos da saúde e do amor. É lendária a vidência de seus magos e sacerdotisas, que utilizam o elemento espelho, para refletir o Tempo, a memória ancestral, os conhecimentos, a arte da cura e dom da vidência. Por meio das cartas ou outros suportes materiais como bolas de cristal, estrelas do mar e simples copos de água, o futuro, o presente e o passado desdobram-se no vórtex temporal de suas visões.
Regidos pelo Tempo (Oiá) e pelo espaço (Oxalá), o povo cigano se move livremente tanto no espaço como no tempo.

Os Ciganos na Umbanda

Na Umbanda, a presença de ciganos tem sido cada vez mais constante e, em muitos terreiros, eles próprios já pedem para que seus médiuns trabalhem com a roupa branca e tenham apenas os seus elementos magísticos, como lenços, baralhos, espelhos, adagas, anéis e outros. Nos dias de suas festas, podem ser utilizados os violinos, a cítara, a viola, os pandeiros e outros instrumentos característicos. A saudação a eles é: Salve os Ciganos!
É uma linha espiritual especial, cujas entidades trabalham na irradiação dos diversos orixás, mas louvam sua padroeira, Santa Sara Kali. Seus trabalhos também podem ser sustentados por Pai Ogum – orixá do ar , ordenador dos caminhos – e por mãe Egunitá – o fogo purificador – pois os ciganos sempre estão ao redor de suas fogueiras.
Na Linha dos Ciganos encontramos espíritos que tiveram encarnações como ciganos e também espíritos que foram atraídos para essa linha por afinidade com a magia cigana. Por isso, os ciganos na Umbanda não têm obrigatoriamente que falar espanhol ou romanês, ler cartas ou fazer advinhações. Há os espíritos ciganos que fazem isso porque já o faziam quando encarnados e outros não.
“O “povo” cigano tem suas cerimônias próprias e tem seus rituais coletivos adaptados à Umbanda e suas sessões são muito apreciadas e muito concorridas, pois seus trabalhos estão voltados para as necessidades mais terrenas dos consulentes. É uma linha espiritual em franca expansão e temos até linhas de esquerda “ciganas”, tais como a do Senhor Exu Cigano e da Senhora Pomba-Gira Cigana, muito procurados pelos consulentes quando se manifestam nas sessões de trabalhos espirituais.” (Saraceni, Rubens – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)
Os primeiros ciganos acolhidos no Brasil no século XVI, enviados de Portugal como degredados, em 1574, para aqui trabalharem como ferreiros e ferramenteiros. Só vieram como autônomos a partir do século XIX, acompanhando o séqüito de D. João VI.
Na Umbanda, atuam como guias espirituais, de maneira extremamente respeitosa e sempre procuram mostrar o caráter fraterno do povo cigano, seu respeito com o alimento e a capacidade de repartir o pão. Aceitam o ritual umbandista, como meio evolucionista, e retribuem com suas ricas orientações e com a alegria de seus cantos e de suas danças.

Escrito por Mãe Lurdes de Campos Vieira
Publicado originalmente no Site: Templo de Umbanda Sagrada Sete Luzes Divinas

A Linha dos Caboclos

Caboclo, na Umbanda, é um mistério, uma linha de trabalho, uma falange, um grau. É o identificador de entidades que trabalham na vibração ligada a Oxóssi, o orixá das matas e do conhecimento.
Nas linhas de ação e trabalho dos caboclos “são incorporados milhares de espíritos cujas religiões não eram a ioruba nem a indígena brasileira. Mas todos têm uma forma de incorporação bem característica” ...
“Na Umbanda, os caboclos têm uma função relevante, pois são eles que assumem a frente nas linhas de trabalho dos médiuns. Os caboclos são o elo de ligação do médium com os orixás”. “Nas linhas de caboclos estão ocultos sob formas plasmadas grandes sacerdotes desencarnados já há muitos séculos, muitos sábios, filósofos, professores e sacerdotes dos mais variados rituais...”) (Rubens Saraceni – Umbanda Sagrada – Madras Ed.)
O arquétipo do caboclo índio brasileiro é bastante forte e “só espíritos com uma noção superior sobre as verdadeiras leis da vida poderiam ser enviados à Terra para, incorporados em seus médiuns, orientar os infelizes encarnados ... Só mesmo os nossos índios simples e cultuadores da verdadeira irmandade poderiam pregar o amor entre pessoas mais preocupadas com o sucesso pessoal do que com o bem-estar dos seus semelhantes”. (Rubens Saraceni - Os Arquétipos da Umbanda – Madras Ed.)
Os caboclos representam a simplicidade, a humildade, a coragem e a persistência. Os índios tinham elevadíssimas noções de conduta e moral e a mentira, a dissimulação e a falsidade não se desenvolveram entre eles. Pela moral, caráter, espiritualização, fraternidade, etc., a Umbanda tem no índio um dos graus mais elevados e o arquétipo para esta linha de ação e trabalho.
Os caboclos são o braço forte da Umbanda; representam a força e a energia dos trabalhos, agindo sempre com muita altivez, como desbravadores dos caminhos da espiritualidade e da fé. São espíritos que se apresentam fortes, vibrantes e trazem as forças da natureza e a sabedoria no uso das ervas. É na irradiação benéfica das matas que espíritos são curados, doutrinados e encaminhados pelos caboclos.
“Os caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. ... Ajudam-nos a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas)”.
Há caboclos(as) na irradiação de todos os Orixás, mas a linha de trabalho dos nossos queridos Caboclos e Caboclas no ritual de Umbanda Sagrada é sustentada pelo mistério Orixá Oxossi. Os caboclos e caboclas são doutrinadores de nossa Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração. São trabalhadores dos mistérios à direita dos Sagrados Orixás.
Sua linha é forte, pois são aguerridos, persistentes e movimentam essências dos Tronos de Deus. São espíritos que se consagraram aos mistérios dos Orixás e servem à sua direita, com um nome simbólico que identifica a “falange” na qual eles trabalham.
 
Autor: Mãe Lurdes de Campos Vieira
Publicado originalmente no Site: Templo de Umbanda Sagrada Sete Luzes Divinas

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Banho de Ervas na Umbanda

Para os médiuns umbandistas, banhos de ervas são fundamentais.
Eles servem principalmente para limpar as energias negativas que estão impregnadas no corpo áurico, consequentemente, expelem influências de espíritos negativos. Ainda reequilibram e aumentam a capacidade mediúnica facilitando a incorporação e desobstruem os chacras ajudando a equilibrar o corpo físico e emocional. Obviamente que esses benefícios não são restritos a médiuns, mas a QUALQUER PESSOA.

Na Umbanda, especificamente, utilizamos ervas e flores em quase todos os rituais, inclusive nas giras e nas oferendas ritualísticas. Já os banhos de ervas são, de maneira geral, utilizados para que haja uma troca energética, é uma importante “ferramenta” natural que nos auxilia e nos proporciona enorme bem.
Certamente que o melhor banho é aquele que o Guia ou o Pai/Mãe Espiritual aconselha ou orienta, afinal, é importante ir de acordo com nossas reais necessidades, aquelas que muitas vezes não conhecemos ou entendemos. Sei que algumas vezes essas informações não chegam até nós e aí, precisamos buscar um pouco de conhecimento, alguns punhados de bom senso e uma pitada de intuição misturados com muita coerência e fé.
Lidar com erva e planta (ou mesmo com banho de erva) é extremamente complexo. Elas, penso eu, são como gente, cada uma tem uma preferência, uma forma específica de melhor viver, florescer, doar, ceder ou se defender. Elas possuem um jeito especial e particular de “falar” conosco e que, dependendo de nossa energia, também “respondem” de forma especial e particular; isso quer dizer que um banho de ervas, dependendo da energia pessoal de cada um, pode causar reações diferentes entre nós. Portanto, é importante ter boas orientações, ok?
Mas vale saber, existem algumas ervas e flores que são harmonizadoras e que não causam malefício algum, portanto, podem ser jogadas da cabeça (coroa) para baixo, inclusive nas crianças. Essas ervas/flores são: camomila, alfazema, rosa branca e sálvia.
E para aqueles que conhecem um pouco mais sobre ervas e Orixás, vale muito a pena unir a energia do dia da semana e do Orixá com as ervas, ou seja, aproveitar, por exemplo, terça-feira – dia da semana que é relacionado a Ogum - para tomar banho com ervas de Ogum. Um AXÉ todo especial no banho que se potencializa com nossa louvação e fé.
Vejam abaixo algumas ervas específicas aos dias da semana e aos Orixás, mas esclareço que dependendo da doutrina ou da tradição religiosa outras relações entre os dias da semana e os Orixás acontecem, por exemplo, existem terreiros que relacionam domingo com Nanã Buruque e outros ainda, com Oxalá, portanto, não esqueçam do bom senso, da coerência e da boa orientação.

Segunda-feira – Exu, Almas, Obaluaye – levante, folha de fumo, arruda, folha de figo. Importante tomar cuidado com essas ervas, elas são fortes e servem para descarrego, dessa forma, podem causar reações energéticas.

Terça-feira – Ogum – espada de Ogum, losna, aroeira, abre-caminho, jurubeba, São Gonçalinho, folha de manga, folhas de romã, samambaia, salgueiro.

Quarta-feira – Xangô – barba de velho, hortelã, erva de São João, lírio, urucum.

Quinta-feira – Oxóssi – acácia-jurema, samambaia, capim limão, guiné, alecrim, erva doce, eucalipto, manjericão.

Sexta-feira – Oxalá – boldo (tapete de Oxalá), narciso, hortelã, erva cidreira, eucalipto, alecrim, levante, alfavaca, girassol, avenca e manjerona.

Sábado – Iemanjá/Oxum – hortelã, lágrima de nossa senhora, rosa branca, boldo, avenca, folha de laranjeira, jasmim, alfazema, açucena, ipê amarelo, alfavaca, poejo.

Domingo - Linha das Crianças ou Ibejadas – levante, verbena, rosas, erva doce, guaraná, alecrim, trevo, folhas de anil.

E seguem mais algumas dicas legais que podem facilitar ou inspirar mais um pouco a prática do Banho de Ervas tão transformadora e benéfica para todos nós.
Os banhos de ervas secas devem ser preparados por infusão – ativar as ervas, colocá-las em um recipiente e derramar água fervente sobre elas. Tampar e deixar por 15 min. Coar e tomar o banho após o banho de higiene. Caules, raízes mais grossas e talos duros, como as espadas, devem ser fervidos por um período médio de 30 min.
Os banhos de ervas frescas devem ser preparados por maceração – colocar em um recipiente com água as ervas e macerá-las por alguns minutos, podendo aquecer levemente, coar e tomar o banho após o banho de higiene.
Os banhos normalmente devem ser preparados com números ímpares – com uma, três, cinco, sete ervas.
Potencializamos o Poder energético e natural do banho quando usamos águas naturais – como água de rio, chuva, cachoeira, poço, mar, etc.

BANHO NATURAL – são banhos que realizamos em sítios energéticos onde as energias estão em abundância. Neste caso, não precisamos nos preocupar em não molhar os chacras superiores (coronário e frontal) localizados na cabeça. Aliás é uma ótima chance de naturalmente tratar da “coroa”, claro que se realizados em locais livres da poluição.
Dentre eles podemos destacar:

Banho de mar: Ótimo para descarrego e para energização – importante ser realizado em mar com ondas. A energia salina do mar “queima” as larvas e miasmas astrais.

Banho de cachoeira: com a mesma função do banho de mar, só que executado em águas doces. A queda d’água provoca um excelente “choque” em nosso corpo, restituindo as energias ao mesmo tempo em que limpamos toda a nossa aura.

Banho solar: é todo banho tomado durante o dia, mesmo que esteja nublado (sem sol). A energia solar vitaliza e energiza, pois o sol fornece o “Prana” que alimenta nossa alma.

Banho lunar: é todo banho tomado à noite, desde que a Lua esteja descoberta (não pode haver nuvens). São os banhos que apresentam um aspecto magnético, frio, úmido e calmante.

Sei que parece estranho falar em ‘banho solar’ e ‘banho lunar’, mas a ideia aqui é se colocar sob o sol ou a lua com serenidade, consciente da intensa energia natural direcionando-a para o chacra coronário. É imaginar uma espécie de funil sobre a cabeça e permitir a entrada do forte magnetismo do sol ou da lua deixando-o percorrer o corpo com naturalidade e espírito de agradecimento. São apenas alguns minutos (15) de concentração leve, de respiração pausada e serenidade interna para se beneficiar dessa imensa energia, para sentir as melhoras internas e externas em todos os sentidos

Posted on junho 12, 2012 by Mãe Mônica Caraccio


Texto publicado originalmente no Site Minha Umbanda sob o título: "A Diferença é Certeira".

terça-feira, 12 de junho de 2012

Presidenta Dilma Institui o Dia Nacional da Umbanda

Os umbandistas comemoram seu fortalecimento.
Em apenas dois artigos, no último dia 16 de maio, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.644, que institui o Dia Nacional da Umbanda, a ser comemorado todo dia 15 de novembro a partir do ano de 2012.
O projeto de tornar constitucional o Dia da Umbanda, já comemorado em algumas regiões do país, propõe a liberdade de crença e o livre exercício dos cultos religiosos, fortalecendo ainda mais a luta contra a discriminação e intolerância religiosa.
Junto à Presidenta Dilma, assinaram a Lei a Ministra da Cultura Anna Maria Buarque de Hollanda, filha de Maria Amélia e do historiador e sociólogo Sérgio Buarque e irmã do cantor Chico Buarque, como também a Ministra da Igualdade Racial, Luiza Helena de Bairros, socióloga reconhecida como uma das principais lideranças do movimento negro no Brasil.

 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Antônio, o Santo de Todo o Mundo

A situação religiosa da Europa na época em que viveu Antônio de Pádua, estava caótica. A Igreja Romana perseguia e matava milhares de pessoas em nome do amor de Jesus, do perdão e da paz.
Com a desculpa de catequizar os "hereges" da Igreja Grega e os "pagãos" seguidores de Maomé, a Igreja Católica Romana incitava o clero e demais fiéis a saírem em diversas empreitadas a fim de saquear os seus opositores, através do que ficou conhecido como "as Cruzadas".
O poder da Igreja deixou de ser eterno e espiritual para se transformar em um poder político e temporal. O Papa, cheio de riqueza e poder, era o centro de todas as intrigas políticas da época. Contudo, ninguém sequer abria a boca em sinal de protesto, tamanho era o medo causado pelas fogueiras, pela excomunhão e pelas masmorras.
Nessa época, ganhava fama a ordem inaugurada por Francisco de Assis. Diversos homens encontraram nas palavras de Francisco, a força e a coragem necessárias para propagarem a fé verdadeira no Cristo Jesus. Porém, o fanatismo dos novos franciscanos foi motivo de muitas atrocidades e resultados insatisfatórios junto aos povos.
Certa vez um grupo de cinco frades franciscanos foram massacrados em Marrocos devido à sua impetuosidade em evangelizar os maometanos. Seu radicalismo era tão excedente que eles se referiam a Maomé como "maldito, profano, sujo e maligno profeta".
O fanatismo e a intolerância dos frades eram tão grandes que foram então fendidos à espada e degolados.
Esse massacre dos frades franciscanos entusiasmou o jovem Fernando de Bulhões, que resolveu seguir o exemplo de abnegação dos frades e entrou para o convento franciscano fundado pela rainha D. Urraca, mulher de Afonso II, em Olivais, Coimbra. Assim, aos 25 anos de idade, em 1220, abandona o nome de batismo e adota o nome de Antônio, padroeiro do convento de Olivais.
Logo assim que tomou ordens no convento de Olivais, quis Antônio seguir para a África, a fim de sofrer os martírios em nome da fé. Porém, tão logo chegou no continente, adoeceu gravemente e foi reembarcado para a Espanha, mas o navio em que estava Antônio saiu de sua rota e foi aportar na Itália, na costa de Taormina, Sicília. Dirigiu-se para Messina e lá convalesceu durante dois meses.
Antônio permanecia ignorado enquanto convalescia até que certa vez surgiu a oportunidade de iniciar as demonstrações de seus dons mediúnicos. Dons estes que encheram de luz e maravilhas, ditos como milagres, as terras da Itália e da França.
Em Porciúncula reuniram-se cerca de 3.000 frades franciscanos numa assembléia em que Francisco de Assis, fundador da Ordem, foi o presidente. Antônio lá compareceu, mesmo sem ter sido convocado, e porque era figura inteiramente desconhecida, não foi sequer notado. Juntando-se ao fato de ser tão franzino e ainda estar em convalescência, Antônio era modesto e humilde, e escondia cuidadosamente suas qualidades mediúnicas.
Porém, noutra ocasião, numa assembléia ocorrida em Forli, na Itália, entre franciscanos e dominicanos, foi que surgiu a oportunidade para Antônio. No refeitório, o prelado pediu aos frades que dissessem algumas palavras evangelizadoras. Após várias recusas dos frades, em tom de zombaria, forçaram o insignificante Antônio a fazer a pregação evangelizadora. Ele escusou-se, mas disseram: "Diz o que o Espírito Santo sugerir".
Antônio começou a falar e iniciou pelo temor de Deus e, aos poucos, foi se infiltrando nos pontos delicados da doutrina e da prática do cristianismo demonstrando um profundo conhecimento das Sagradas Escrituras. Assustados, informaram o caso a Francisco de Assis e dentro de pouco tempo, foi transformado em pregador eminente. Junto às pregações, Antônio produzia os mais assombrosos fenômenos mediúnicos que revolucionaram a todos.
Após ter vivido sete anos como frade franciscano, pois desencarnou aos 36 anos de idade, encheu as crônicas de Portugal, França e Itália com as manifestações de sua mediunidade excepcional.
Foi canonizado pela Igreja em 1232, onze meses após sua morte, pelo Papa Gregório IX. Já o Papa Leão XIII chamou Santo Antônio de "Santo de Todo o Mundo".

domingo, 10 de junho de 2012

A Corrupção na Umbanda

A falta de Caridade instalada na Terra está acabando com a raça humana e a corrupção de milhares de espiritualistas está manchando a bandeira da Umbanda através da venda indiscriminada da Caridade!
Quantas pessoas estão transformando a Umbanda num "Balcão de Negócios"!
Impotentes, muitos outros se perguntam como deveríam combater essa agressão aos Espíritos de Luz da Umbanda. Como acabar com a Corrupção na Umbanda?
Há pessoas, entretanto, que não são isentas de uma parcela de culpa nessa relação abominável na Umbanda chamada caridade-dinheiro-caridade.
Ora, se a pessoa vai exatamente a um desses locais para fazer uma "amarraçãozinha", fatalmente irá cair no Conto do Vigário (ou melhor), do Pai de Santo. Contudo, não podemos admitir o mesmo fim para os que de boa-intenção, querendo realmente um socorro espiritual, aflitos ou desesperados por um motivo justo, acabam sendo levados a uma tenda dessas por sua própria desesperança.
Certa vez, um homem comparou as pessoas a ovelhas que precisam de um pastor para lhes guiar e falou sobre detalhes delas até então desconhecidos. As ovelhas são quase cegas, não sabem distinguir as sombras à frente, se dispersam normalmente, caem nos buracos com facilidade e se perdem do rebanho... Elas são assim pela sua natureza. São exemplos perfeitos da natureza humana!
Os homens também são assim: quase cegos! Conseguem distinguir a voz do pastor, mas nunca a sua semelhança. Entretanto, até mesmo os falsos pastores têm voz suave e meiga. Esses falsários existem e se aproveitam da cegueira das pessoas. Esses que usam o nome da Religião de Umbanda para continuar com suas mesquinharias e ganância.
Infelizmente surgiu um espertalhão e descobriu que explorar a crença e a boa-fé de alguns desavisados dava muito dinheiro e lançou a semente nos corações podres de alguns charlatães que fizeram com que essa defamada árvore da caridade remunerada crescesse.
Os enganadores continuarão enganando porque sempre vai existir alguém que busca o engano.
Os corruptos continuarão existindo. Também aqueles que se deixam levar pela corrupção.
Mas, não é por isso que devemos permitir que a Corrupção, ande livremente entre as gentes com o nome de Caridade Umbandista.
Não queremos tratar do corrupto em si, pois continuarão levantando barraquinhas e consultórios para si. Que tenham seus consultórios, livre opção de quem vai lá, mas não com o nome de Umbanda!
Que tenham suas tendinhas, com atabaques ou não, mas nunca com o nome de Umbanda!
Que levantem seus espectros sobre os desavisados, mas não com o título de Espíritos de Luz da Umbanda.
"Eis que o machado está posto à raiz!" , é chegada a hora da ceifa, quando o joio será separado do trigo. Há muito joio espalhado na Seara de Jesus! Algo precisa ser feito.
Os médiuns são os trabalhadores, os ceifeiros, os operários. Têm a Machada de Xangô e a Espada de Ogum, sem falar na Foice de Omulu, para começar o trabalho de separação e colheita do trigo.
Se não há lei material que ajude a Umbanda no combate à mistificação e ao engodo, os umbandistas podem se valer da Lei Divina para isso! Terão Ogum ao seu lado! Terão Xangô para decretar a Justiça!
Cabe aos umbandistas a tarefa de, de posse dessas ferramentas espirituais, começarem o trabalho. Não se pode permitir que o mal alcance o bem.
O Bem está sempre à frente do Mal, que o persegue e tenta aniquilar as coisas boas que ele, o Bem, produz.
Através da Rede Brasileira de Umbanda,  os leitores indicaram a melhor forma de se acabar com a corrupção na Umbanda e, imaginem só, a "educação mediúnica através dos estudos" foi apontada como a arma perfeita para isso. Observe o gráfico abaixo e as opiniões de todos:

Sugestões Apresentadas por participantes da RBU através do Forum:

Educação através dos Estudos - 5 Votos.
Perseverança na Caridade - 2 Votos.
Vigilância pessoal - 1 Voto.
Punição conforme as Leis Humanas - 1 Voto.
Exemplo bom individualmente transmitido - 1 Voto.
Punição Divina, a seu tempo - 3 Votos.
Responsabilidade no trato com as coisas espirituais - 1 Voto.
Intervenção a partir das Federações - 3 Votos.
Campanha de reforma da Umbanda - 1 Voto.
Humildade, por parte dos Dirigentes - 1 Voto.
Criação de uma Comissão, para exigir atitudes das Federações - 1 Voto.
Reforma Íntima - 1 Voto.
Conscientização dos próprios irmãos de terreiro - 1 Voto.
Codificação da Umbanda - 1 Voto.

Julio Cezar Gomes Pinto

A Umbanda e o Vil Metal

É impressionante como surgiram entre os umbandistas tantas pessoas que conseguiram torcer as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas! !! É triste ver espalhados pelo Brasil os mesmos vendilhões da época de Jesus.
Ficamos mais tristes ainda quando vemos tentativas humanas para anularem o papel missionário que Jesus exerceu na Terra. "Jesus foi apenas um revolucionário", dizem esses. "Jesus não falava do mundo espiritual, era material mesmo", afirmam outros.
Independente do que fazem em torno do nome de Jesus, ficamos tristes e decepcionados com o desrespeito ao Caboclo das Sete Encruzilhadas e suas palavras de ordem para a Umbanda.
Ora, foi esse Caboclo, valente e humilde, quem determinou as bases da Umbanda! Foi Ele quem disse: "NÃO HAVERÁ COBRANÇAS PELA CARIDADE"! Na Umbanda os Espíritos irão baixar nos terreiros para a prática da caridade pura e desprovida de interesses (monetários ou não).
Porém, exatamente como ele previu quando disse que o "vil metal" (dinheiro, para quem não sabe) iria macular a Umbanda, manchar sua bandeira de caridade, rasgar o testamento dos Caboclos e Pretos Velhos e queimar o Amor entre os irmãos, está acontecendo de forma escancarada e NINGUÉM faz nada para impedir isso!
Estão comercializando os dons divinos, NÃO HUMANOS, como se fossem propriedade particular!
Vende-se as palavras de um Preto Velho, como se fossem tirinhas de um jornal!
Cobra-se hoje para socorrer os desesperançados e os que nada têm para dar!
Em nome de uma suposta entrega abnegada ao "serviço espiritual", estipulam preços e valores por um trabalho que nem os próprios "trabalhadores" dão garantia. Quando o dão, não deixam nada assinado para posterior cobrança judicial! Já que é espiritual, não se pode assinar papéis de garantia de devolução do dinheiro cobrado, não é mesmo?
Ora, se realizam cobranças e recebem DINHEIRO por serviços prestados em nome de Deus, então por quê não dão recibos e notas fiscais? Por quê não recolhem os impostos como todo bom comerciante? Por quê não fazem declaração de renda para o Leão, como todo correto contribuinte faz?
Se querem cobrar, que assim o façam! Mas NÃO em nome da Umbanda!!! Criem outra religião! Inventem outro nome pro seus credos! Não copiem o nome sagrado da religião que veio à Terra para revelar de GRAÇA os Espíritos de Luz! Dêem outra denominação para suas Casas: URUBANDA! DINHEIBANDA! MOEBANDA! DOISBANDA! Ou outro nome que possa desvincular qualquer mácula das Casas genuinamente umbandistas.
Não somos contra as ofertas voluntárias!
Não somos quem deseja contribuir para o bem comum das Casas!
Mas daí, aproveitar para estipular um valor para atendimento. .. Vai uma distância muito grande. Quilométrica.

Deus Salve a Umbanda!
Deus Salve a Caridade!
Deus Salve o Caboclo das Sete Encruzilhadas!

Julio Cezar Gomes Pinto

O Papel do Médium de Umbanda

O indivíduo que trabalha nas fileiras umbandistas, exercitando suas faculdades mediúnicas nas reuniões chamadas Giras, ou Engiras, desempenha ações importantíssimas na evolução coletiva e na solução de problemas de diversas ordens que acometem a todos os que freqüentam as Tendas de Umbanda. O médium de Umbanda tem o papel único e maravilhoso de servo! É servindo ao próximo, numa entrega incondicional e desinteressada, de coração jubilado, que o médium de roupas brancas da Umbanda realiza a maior e mais perfeita das ordenanças cristãs: “amar ao próximo, como a si mesmo”!
Sem a consciência de que tudo o que faz numa Tenda ou num Terreiro é em benefício alheio, o médium carece de orientação e estudo mais profundo das verdades espirituais.
Dentro de um Terreiro o papel do filho de Umbanda começa logo assim que cruza os portões da entrada onde está assentado o Guardião da casa. Mas, não se trata apenas de alguns toques costumeiros no chão, ou saudações decoradas de palavras vazias e repetitivas. O “trabalho” do médium tem início através dos bons pensamentos que deve considerar assim que chega ao Templo munido dos utensílios e materiais litúrgicos que serão utilizados na sessão. O médium irá participar de uma reunião aonde centenas de outros Espíritos, dos mais diferentes níveis conscienciais e padrões vibratórios, também irão a fim de encontrarem alívio e soluções para suas dores e seus problemas. Aquele que servirá de instrumento aos Guias de Lei deve responsabilizar-se em ser mais útil ainda. Ao saudar o Guardião deve tomar, desde esse momento, uma postura vigilante e consciente de que Espíritos que descerão à Terra para fazer a caridade dependerão de sua boa vontade e de seu desprendimento. Mesmo estando numa posição dentro do Terreiro em que inevitavelmente será alvo dos olhares curiosos dos visitantes e freqüentadores, o médium precisa entender que o mais importante será o bem que as Entidades farão na Gira.
Todos os médiuns são importantes numa Gira. Desde o menor ao maior, se é verdade que exista essa classificação entre os umbandistas.
É comum as pessoas darem importância maior à Incorporação. Também é fato corriqueiro que a grande maioria dos que iniciam numa Corrente de Umbanda, almeja logo “receber Caboclo”. Entretanto, há funções tão ou mais importantes num Terreiro quanto a dos médiuns que servem de “aparelhos” aos Guias.
Os “Cambones”, ou Médiuns Auxiliares, exercitam sua mediunidade através da servil e humilde tarefa de atender aos pedidos de uma Entidade, seja Caboclo, Preto Velho, ou até mesmo Exu.
Os “Ogãs de Toque e de Canto”, ou Médiuns Instrumentistas e Cantadores de Ponto, são importantíssimos no trabalho de manter o equilíbrio vibratório das Giras e o de preservar a pura sintonia dos pensamentos coletivos.
Há ainda os médiuns que executam a tarefa de coordenar a entrada dos assistentes no Congá, os que trabalham na limpeza do Terreiro, os que cuidam do material litúrgico comum a todos, os que zelam pelo incenso e pelo turíbulo, os que desempenham tarefas administrativas e os que coordenam o andamento das sessões. Tem também aqueles que gratuitamente trabalham nas cantinas e nos bazares, e os que realizam tantos outros serviços que parecem de pouca importância, mas que no fim trará grandes benefícios no desenvolvimento da própria mediunidade.
O que seria dos médiuns de Incorporação se não existissem todos os outros que, invisíveis aos olhos de muitos, asseguram o bem estar deles mesmos? Como aqueles poderiam ser úteis no atendimento aos consulentes se não existissem os médiuns que, mesmo não incorporando, fazem parte da Gira contribuindo caritativamente com seus serviços? No fim das contas, todos os médiuns exercem o mesmo papel: o de servo bom e fiel a serviço da Corrente Astral de Umbanda.

Julio Cezar Gomes Pinto 

Introdução ao Estudo da Mediunidade

Médium é o termo utilizado em grande escala, a partir da codificação do Espiritismo, para designar os Espíritos encarnados que têm a faculdade inata de entrar em contato com o Mundo Espiritual e dali tirar impressões. A palavra, de origem latina, significa “medianeiro, ou aquele que está no meio”. Médium é aquele ser vivente que, por evocações ou independente disso, pode contatar os Espíritos desencarnados e com eles estabelecer conversações ou outros tipos de interação. Outrora chamados de videntes, profetas, bruxos e benzedeiros, os médiuns eram vistos como homens especiais, dotados de grande poder ou sabedoria que sempre tinha origem divina. Em algumas épocas foram fortemente combatidos e perseguidos por possuírem um dom que não era comum às outras pessoas. Muitos foram queimados vivos, crucificados ou esquartejados por uma mediunidade que era vista como oriunda das trevas e dos seres que lá habitam. Em outros tempos foram muito bem quistos e respeitados pela sociedade da época, considerados pelos seus como homens especiais, missionários ou mensageiros dos deuses.

Embora os médiuns sejam vistos por muitos como seres especiais, na verdade são pessoas comuns, desprovidos de qualquer sinal exterior de sua faculdade. Alguns médiuns, entretanto, desconhecedores de seu verdadeiro papel na sociedade, consideram-se realmente maravilhosos e supremos diante dos outros. Estes, na verdade, desconhecem a grande oportunidade que os Céus outorgaram-lhes para servirem de instrumentos importantes à evolução dos demais, e da própria, uma vez que podem ser úteis nas mãos dos Espíritos de Luz, que na Umbanda são chamados de Caboclos ou Pretos Velhos de Aruanda.
Os médiuns que se destacaram a partir do surgimento do Espiritismo foram alvos de grande especulação. Uns foram considerados charlatães, outros alcançaram grande destaque na mídia e alguns sucumbiram aos interesses materiais. Foram estudados e analisados por céticos que não compreenderam a natureza deste dom. Observados preconceituosamente por algumas religiões, os médiuns tiveram suas entranhas esquadrinhadas e seus cérebros verificados à luz da Ciência. Há quem diga que o dom mediúnico tem origem na glândula pineal, que supostamente teria uma função diferente da daqueles que não demonstram qualquer sinal de mediunidade.
Ao possuir um dom tão importante ao crescimento espiritual da humanidade, faz-se necessário que o médium de Umbanda seja uma pessoa voltada à meditação, ao aprimoramento interior e ao bem comum da comunidade ao redor. Tornando-se um bom instrumento nas mãos dos Espíritos de Luz, ou Superiores, pode alavancar o progresso da humanidade. O contrário se dá quando o médium, relapso e desregrado, alheio às mensagens evangélicas do Cristo Jesus, de ouvidos tampados à voz dos Grandes Guias Espirituais ou voltados a práticas e vícios puramente materiais, pode transformar-se em presa fácil de Espíritos inferiores, trevosos e obsessores, que vêem nele ótimo meio de satisfação ou fonte de energia animal. Assim sendo, a mediunidade tende a ser, ao mesmo tempo, um grande presente ou uma gigantesca armadilha. Mediunidade exercida de forma irresponsável é doença que arremessa o Espírito aos escuros leitos da superstição, do fanatismo e da loucura.
O médium de Umbanda deve ser um estudioso das coisas espirituais, já que o dom que possui abre-lhe numerosas oportunidades de estar em sintonia com os seres habitantes do Plano Espiritual. Os estudos contínuos, a compreensão sincera de suas faculdades e o real conhecimento da dádiva recebida, transformam-no, ainda que imperfeito, em sonoro porta-voz de Aruanda.
Os Caboclos de Aruanda são humildes, serenos e aguerridos trabalhadores da Caridade. Assim deve ser o Médium da Religião de Umbanda. A vaidade, a soberba, a ganância e o orgulho, prejudiciais defeitos de caráter, devem ser banidos do comportamento de qualquer médium de Umbanda.

Julio Cezar Gomes Pinto

O Contato Com os Espíritos

Foi a partir do contato realizado por Espíritos desencarnados através da mediunidade de um jovem chamado Zélio de Moraes que surgiu, em 1908, a Religião de Umbanda. Esse contato, acontecido de forma surpreendente e inusitada, fez a vida de toda uma família mudar. Ao mesmo tempo, o afloramento da mediunidade de Zélio proporcionou a milhares de outras pessoas a oportunidade de encontrar um caminho espiritual na busca do Divino. A Umbanda nasceu ou, como dizem alguns, foi anunciada através da manifestação mediúnica do Espírito que se identificou como um “caboclo” das terras brasileiras. É bem verdade que manifestações do tipo ocorrido com Zélio já aconteciam no Brasil, mas a que configurou como sendo o marco inicial da Umbanda ganhou projeção e espalhou-se com rapidez entre as pessoas estupefatas. Fato que acontecia com cautela somente em sessões particulares dos centros espíritas recém-inaugurados passou a ser comum aos olhos do povo e ficou classificado como o fenômeno da incorporação.
A Incorporação, assim chamada na Umbanda, é uma modalidade mediúnica conhecida entre os estudiosos do Espiritismo pelo nome de Psicofonia: a mediunidade em que o médium fala pela influência dos Espíritos. Pela forma como acontece, quando então o Espírito dá a impressão de ter se apossado do corpo do médium, esse tipo recebeu o nome de Incorporação. Na verdade, o Espírito não “entra” no corpo do encarnado como parece, mas estabelece uma forte ligação energética e mental com o medianeiro e este, sob sua influência, fala, gesticula, dança e anda. Antes mesmo de ser levado pelos parentes ao centro espírita, Zélio apresentou os primeiros sintomas de mediunidade dessa forma.
Nos dias que antecederam o anúncio da nova religião, o médium de 17 anos portou-se de forma estranha. Algumas vezes encurvava-se e apresentava aparência de um idoso e em outras assumia o aspecto de um homem vigoroso e sisudo. Falava numa língua desconhecida e demonstrava um semblante diferente do habitual. E assim aconteceu até que finalmente abriu os lábios e, com espantosa entrega à força espiritual, revelou a verdadeira intenção dos Caboclos de Aruanda.
Desde então, o contato direto com os Espíritos e a Incorporação estabeleceram-se como sendo uma premissa na Religião de Umbanda. Os curiosos correm aos centros para testemunharem a manifestação e ficam se perguntando para onde terá ido o espírito do médium. Outros, ávidos por obter informações relacionadas ao amor, ao futuro e aos negócios, aproximam-se de alguma Entidade manifestada no médium e travam um interrogatório pouco proveitoso. Outros mais, de maneira piedosa e sincera, recebem passes, curas e orientações acerca da vida espiritual através de um Caboclo ou de um Preto Velho. De qualquer forma, na Religião de Umbanda, os Espíritos encarnados e desencarnados interagem e se comunicam abertamente, fortalecendo a crença de que na verdade ninguém morre, mas apenas passa de uma condição a outra naturalmente.
O contato natural, a comunicação com o mundo espiritual e a interação entre encarnados e desencarnados sempre foi uma busca dos homens. Há muito que as pessoas têm vontade de desvendar os mistérios que rondam o “outro lado da vida”. Desde os primeiros registros da História humana, essa aproximação mais efetiva entre os “dois mundos” foi pretendida, tanto pelos encarnados, quanto pelos Espíritos daqueles que partiram antes dos seus parentes e amigos.
Embora vista com assombro por muitas pessoas, a tentativa de comunicação dos Espíritos ocorreu e ficou registrada em muitos episódios da História. No dia-a-dia, esse contato ocorre imperceptível. Quer seja através de uma simples inspiração ou por meio de um sinal, visto por todos como “um aviso”. Grande parte dos sonhos tem um fundo espiritual. Durante o sono, os Espíritos desencarnados têm a chance de unirem-se aos encarnados em diálogos salutares a ambos.

Julio Cezar Gomes Pinto

O Perfil do Umbandista

Dentre aqueles que freqüentam um terreiro de Umbanda na condição de médium de incorporação destacam-se os que vivem verdadeiramente a fé umbandista. A condição de umbandista não se limita apenas às roupas, às guias, ao ritual ou ao dom que recebeu e aprendeu a desenvolver ao longo dos anos. A pessoa umbandista vai além das paredes, muitas vezes caiadas, dos templos e das tendas. Há quem diga que umbandista é aquela pessoa que faz parte de um terreiro e que serve de “cavalo” para os Caboclos e Pretos Velhos. Ora, sabe-se que todo aparelho de uma dessas Entidades é um umbandista porque faz parte da religião de Umbanda. Entretanto, ser umbandista é algo mais profundo do que apenas uma apresentação exterior de força espiritual ou trabalho mediúnico. O umbandista, antes de qualquer coisa é um indivíduo comum, suscetível a erros e tropeços, que tem uma vida cotidiana como a de qualquer ser humano e que também está sujeito a enfermidades, violências e também à morte do corpo. O umbandista não é nenhum super-homem, e tampouco um poderoso mensageiro dos céus. Pelo contrário, é mais um entre os milhões de espíritos que estão no Planeta com a árdua e necessária tarefa de resgate dos erros cometidos em vidas anteriores.
Uma das grandes características do umbandista que vive a religião que professa é a abnegação, particularidade muito bem exemplificada por Jesus e por tantos outros que se entregaram totalmente em favor de outrem. O ato de sacrificar a própria vida pelo bem comum deu ao Galileu o título de grande exemplo a ser seguido por todos aqueles que quiserem estufar o peito e dizer que são umbandistas. Primeiramente é necessário saber doar-se em favor do próximo.
Não há hoje em dia a necessidade de pendurar-se numa cruz, ou receber uma coroa feita de galhos cheios de espinhos, como Jesus fez há dois mil anos. Mas, é preciso entregar-se diariamente em favor dos outros num trabalho contínuo de sacrifício do Ego.
O umbandista precisa ser abnegado. Não se importando com o que acontecerá a si mesmo, ele dá tudo o que tem para que os seres à sua volta se sintam felizes de alguma forma. Esta abnegação, porém, é exercida de forma desinteressada, gratuita mesmo. A palavra gratuita vem de “graça”, ou seja, aquilo que é dado ou feito sem esperar nada em troca. Nenhuma riqueza, nenhum benefício ou qualquer outra coisa que possa servir de pagamento pelo favor prestado.
Exercitando a abnegação (ato de negar-se a si mesmo), o umbandista é capaz de “emprestar” seu corpo e seu intelecto aos Caboclos, sem desejar alguma bênção especial. É capaz de estender a mão aos amigos e aos inimigos sem exigir deles a gratidão ou o reconhecimento. É capaz de perdoar aqueles que o ofenderam, sem jogar-lhes na face, a culpa. Praticando a abnegação, muitas vezes, o umbandista despende seu tempo, suas roupas, seus recursos, sua saúde e seus tesouros mundanos em prol de alguém que nem mesmo conhece. Há muitos exemplos disso nas parábolas proferidas por Jesus. A do bom samaritano é o maior de todos.
A pessoa que, sob qualquer desculpa, solicita ou recebe alguma remuneração pelo bem que prestou, está longe de dizer que verdadeiramente é umbandista. Se, em algum momento, esperou dos irmãos, sejam eles encarnados ou desencarnados, qualquer recompensa, está longe do que realmente deve ser um Filho de Umbanda. Se qualquer ato que beneficiou o irmão foi, de alguma forma, “pago”, deixou de ser uma atitude abnegada para ser apenas um negócio.
A comercialização, nesses casos, não é apenas a troca de serviços por bens monetários, como pensa a maioria. Trata-se também das vantagens que muitos membros da religião esperam receber por estarem fazendo o que lhes é de obrigação fazer. Desprovidos de qualquer sentimento tipicamente humanista, existem muitos umbandistas que cobram dos Mensageiros de Aruanda alguma vantagenzinha, algo extremamente egoísta e mesquinho. É aquele que vê na tal caridade que praticou no terreiro a oportunidade de ganhar a simpatia do Chefe ou da Mãe de Santo e, com isso, obter favores. É também aquele que espera um reconhecimento público da caridade prestada, e torna-se – em muitos casos – um vaidoso e exibido médium sempre querendo “dar” mais alguma coisa em troca de outra.
Aquele que faz da caridade um trampolim para “subir” na vida, já deixou a abnegação para trás há muito tempo. Aquele que achou no serviço em favor do próximo uma oportunidade para “ganhar a vida” perdeu a chance de abnegar-se pelo irmão. E aquele que diz que ostenta a bandeira da Caridade – palavra de ordem maior da Umbanda – jamais deve trocá-la por alguma ninharia ou por uma grande soma. Mas, deve procurar conservar essa grande característica do real religioso umbandista: a abnegação!

Julio Cezar Gomes Pinto

Linha da Evolução - Nanã

A orixá Nanã rege a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida”, já mais equilibrada . Ela rege uma dimensão formada por dois elementos, que são: terra e água. É de natureza cósmica pois seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres que, quando recebem suas irradiações, aquietam-se, chegando até a terem suas evoluções paralisadas. E assim permanecem até que tenham passado por uma decantação completa de seus vícios e desequilíbrios mentais.

Nanã forma com Obaluaiyê a sexta linha de Umbanda, que é a linha da Evolução. E enquanto ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar. Saibam que os orixás Obá e Omulu são regidos por magnetismos “terra pura”, enquanto Nanã e Obaluaiyê são regidos por magnetismos mistos “terra-água”. Obaluaiyê absorve essência telúrica e irradia energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental aquática, fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação elemental telúrica, que se torna “úmida”.
Já Nanã, atua de forma inversa: seu magnetismo absorve essência aquática e a irradia como energia elemental aquática; absorve o elemento terra e, após fracioná-lo em essência, irradia-o junto com sua energia aquática.São únicos, pois atuam em pólos opostos de uma mesma linha de forças e, com processos inversos, regem a evolução dos seres. Enquanto Nanã decanta e adormece o espírito que irá reencarnar, Obaluaiyê o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético, já adormecido, até o tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado .
Este mistério divino que reduz o espírito ao tamanho do corpo carnal, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação do óvulo pelo sêmen, é regido por nosso amado pai Obaluaiyê, que é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro.
Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.
Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.
Na “linha da vida”, encontramos os orixás atuando através dos sentidos e das energias. E cada um rege uma etapa da vida dos seres. Logo, quem quiser ser categórico sobre um orixá, tome cuidado com o que afirmar, porque onde um de seus aspectos se mostra, outros estão ocultos. E o que está visível nem sempre é o principal aspecto em uma linha da vida. Saibam que Nanã em seus aspectos positivos forma pares com todos os outros treze orixás, mas sem nunca perder suas qualidades “água-terra”.



OFERENDA

Velas brancas, roxas e rosa; champagne rosé, calda de ameixa ou de figo; melancia, uva, figo, ameixa e melão, tudo depositado à beira de um lago ou mangue.



Fonte: http://www.guardioesdaluz.com.br/umbandamaenana.htm

Deus, o Divino Criador

A noção da existência de um Ser Superior é algo inato na espécie humana. Desde os primórdios, o homem já concebia a idéia de Alguém ou alguma “Coisa” maior do que ele mesmo. E nisso sempre tiveram razão, pois o ser humano é uma criatura que surgiu da vontade desse Ser Superior.

Deus é a fonte primordial de todos os eventos criadores. Já foi descrito como o Supremo Criador; o Incriado; o Princípio, o Meio e o Fim; o Senhor; o Deus dos Exércitos; o Pai; ou simplesmente Deus!
“Deus, ou Zambi, ou Olorum, ou Tupã, é para os umbandistas o princípio dos princípios; o mistério de todos os mistérios; o Pai de todos os pais; o Divino Criador!” (1)
“Por princípio dos princípios entendemos que tudo tem origem n’Ele e que fora d’Ele nada existe. E, como do nada coisa alguma deriva, então todos os princípios surgem a partir d’Ele, que é a origem de todos eles.”(1)
Podemos tomar como exemplos de princípios a evolução, a reprodução, a ordem, etc. Todos esses princípios estão em Deus. Tiveram origem n’Ele, estão em tudo o que ele criou e pode ser identificado como princípios. Por ser Deus eterno, também são eternos e imutáveis os seus princípios. Nada pode mudar aquilo que é princípio divino.
A ordem é um princípio que torna perfeitas todas as coisas criadas por Deus. É por força desse princípio que os astros permanecem numa órbita imutável e perene. Os homens, suas criaturas, não podem alterar tal coisa e, por mais que se esforcem, não conseguirão criar algo semelhante.
“Deus é único, e o que Ele gera, o faz por meio de processos específicos e que só servem para cada uma das espécies que gera. Logo, cada coisa gerada por Ele tem sua gênese específica que, no entanto, é reprodutora e multiplicadora...” (2). No DNA humano está configurada essa gênese da espécie humana. Pode haver alterações no DNA, mas ele continuará perpetuando a espécie, e mais seres humanos continuarão sendo gerados através desse complexo processo da Criação. Por isso, ao contrário do que dizem alguns pesquisadores teóricos, jamais uma espécie gerará outra diferente da própria. Jamais um quadrúpede poderá gerar um ser humano e vice-versa, e jamais uma árvore terá condições de gerar uma pedra.
“... Deus é infinito em si mesmo e tudo o que gera, gera infinitamente, pois após o início de uma geração, esta traz em si o meio de reproduzir-se e de multiplicar a sua espécie inicial e original que a distingue como mais uma geração d’Ele” (2). O fato de ser Deus infinito é o que torna infinito o Espírito humano, pois jamais terá fim aquilo que é uma porção de Deus. Assim sendo, cai por terra toda doutrina de que Deus enviará para a destruição eterna os Espíritos que erraram nessa ou em outra vida.
Essa idéia de que Deus está em tudo o que Ele criou não quer dizer que toda a criação é por isto mesmo também Deus. Deus não é a criatura que foi gerada por Ele, mas as criaturas compartilham em graus mais ou menos elevados uma porção de Sua Presença e dos seus princípios. O salmista Davi já percebia isto quando dizia que é impossível fugir de Deus, pois onde quer que se vá, lá está o Criador (3).
Pelo fato de se perceber Deus em toda a criação é que os homens acreditavam que tudo em a Natureza era Deus. Da mesma forma, os princípios de Deus também estão presentes na Natureza, como o Princípio da Reprodução. Isto confundia ainda mais os homens da antiguidade, pois eles achavam que pelo simples fato de reproduzirem constantemente os fenômenos até então inexplicáveis, as forças da Natureza eram deuses.


(1) SARACENI, Rubens. Deus. In: Tratado Geral de Umbanda, São Paulo; Madras, 2005; p. 13.

(2) SARACENI, Rubens. Divindades; Introdução da Gênese e Fatores. In: Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada, São Paulo; Madras, 2005; p. 49-53; 73.

(3) ALMEIDA, João Ferreira de. Salmo 139. In: Bíblia Sagrada. São Paulo; Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

Os Sagrados Orixás

Os Orixás, dentro da Religião de Umbanda, são as Divindades que influenciam através de suas irradiações, a vida de todos os seres criados por Deus. "Os Orixás são as Divindades às quais Deus confiou as suas qualidades Divinas e que são os seres superiores responsáveis pela concretização de sua infinita obra colocada à disposição de todos os seres, de todas as criaturas e de todas as espécies que Ele criou." Define Rubens Saraceni no livro psicografado "O Código de Umbanda".

A palavra Orixá (ou Orïsá) é de origem africana, uma herança legada pelos irmãos Iorubás e significa "Senhor da cabeça", conforme definido por vários estudiosos dos cultos afro-brasileiros.

Na África, um Orixá é considerado um Espírito Ancestral, fundador e formador de determinadas tribos e povos. Devido ao fato de haver muitos dialetos naquele continente, sempre ocorria de um mesmo Orixá possuir vários nomes, e ser cultuado de diferentes formas.

Conforme as crenças de cada tribo ou nação, um mesmo Orixá tinha diferentes aspectos, arquétipos, cores, domínios e natureza.

"Cada um dos sagrados orixás, prossegue Rubens, é uma Divindade unigênita (única gerada por Deus) dotada do poder Divino de transmitir sua qualidade e caráter Divino aos seres, às criaturas e às espécies. Este fato que os distingue como auxiliares diretos do Criador do Universo e Divinos pais dos seres, denominados seus filhos: regentes das criaturas, denominados seus animais, e das espécies, denominados seus vegetais, suas plantas e suas folhas".

Apesar de não se ater às lendas, a Religião de Umbanda não as critica, nem tampouco discrimina os irmãos da Religião de Candomblé e outras mais que amam os Orixás e os cultuam baseados naquilo que foi transmitido de pai para filho desde o continente africano até o Brasil.

Os umbandistas reverenciam os Orixás naquilo que são e que foram definidos pelos mentores espirituais da Religião de Umbanda: polarizadores das Irradiações Divinas, os quais são os responsáveis pela concretização da obra de Deus. Não são Deuses, como muitos pensam, mas Seres Superiores, os quais possuem uma Natureza Divina, pois têem uma relação direta com Deus, o Criador, e por isto, ";manifestam-no o tempo todo em suas ações" (Rubens Saraceni, em Tratado Geral de Umbanda, Ed. Madras).

Na Umbanda, os Orixás são as Divindades que têm a incumbência de transmitir e manifestar as Irradiações de Deus em toda a sua criação. São eles que estão assentados em Tronos diante de Deus e tornam-se assim seus representantes diretos. São esses Tronos que, dentro de suas hierarquias e atribuições individuais, concretizam a Fé e a religiosidade nas pessoas; aplicam e ordenam a Lei Maior; estabelecem a Justiça; estimulam o Conhecimento; promovem a Vida; favorecem a Evolução e conduzem os seres a se unirem e se amarem. Esses Tronos formam o que na Umbanda ficou conhecido como as Sete Linhas.

Por serem responsáveis diretos pelas manifestações de Deus na Terra, os Orixás foram confundidos dentro da Religião de Umbanda como sendo eles mesmos as Sete Linhas. Não é bem assim. Eles são, na verdade, os polarizadores dessas Linhas de Força. São como Embaixadores, e não constituem, em si mesmos, a própria embaixada.

As religiões e cultos africanos sempre tiveram como característica a transmissão de seus dogmas e de suas tradições por via oral, de geração a geração. Devido a isto, muitas coisas se perderam no tempo e muitos nomes de Orixás foram mudando conforme se passavam os anos. Os atos heróicos de seus ancestrais receberam aspectos fantásticos, sobrenaturais e as lendas foram se sucedendo aos montes, de forma que não se sabe hoje em dia qual seria a lenda que deu origem a todas as outras.

Cada nação, cada povo, cada tribo, possuía seu Orixá protetor e, somente a ele, definia o culto e prestava a homenagem devida. Muitas vezes, as guerras entre tribos ocorriam devido a isto.

Da mesma forma como faziam os povos do Oriente e do Ocidente, os africanos também defendiam sua religião e o nome de seus "deuses"; se fosse preciso na base da lança e da espada. A cada vitória alcançada ou derrota obtida, uma nova lenda surgia, sempre com uma lição de moral ao fundo.

As Linhas de Trabalho

"Os Espíritos têm muitas vias evolutivas à disposição e seguem aquela que se mostra mais afim com suas naturezas íntimas e suas expectativas sobre seus futuros.
Entre estas vias, algumas são tão atrativas que se tornam "religiões" aqui no plano material.
A Umbanda Sagrada é uma dessa vias evolutivas, pois a quantidade de espíritos que afluem para ela é tão grande que foi preciso criar linhas ou correntes espirituais para acomodar tantos espíritos ávidos por manifestarem-se por intermédio da incorporação mediúnica.
Essas linhas cresceram tanto que formaram hierarquias, todas pontificadas por espíritos mentores de Umbanda.
Elas têm nomes simbólicos, sempre associados aos elementos da natureza, aos vegetais, aos animais, às cores, etc.
Entre tantos espíritos destacamos os que denominamos "guias de lei" (...), Espíritos que já se assentaram à direita e à esquerda dos Sagrados Orixás e os servem religiosa e magisticamente, sempre trabalhando em benefício da evolução da humanidade, tanto dos espíritos encarnados quanto dos desencarnados.
(...) Trabalham como agentes da Lei Maior e da Justiça Divina e atuam como transmutadores carmáticos, como refreadores das investidas de espíritos trevosos, como anuladores de magias negativas e como atratores naturais de espíritos menos evoluídos ou ainda inconscientes da grandeza da obra divina existente dentro no nosso planeta, e que não se limita só à dimensão espiritual. (1)"
"A Umbanda é uma religião aberta a todos os espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Para ela afluem milhões de espíritos de todo o planeta, oriundos das mais diversas religiões e rituais místicos, mesmo de religiões já extintas, tal como a caldéia, a sumeriana, a persa, a grega, as religiões européias, caucasianas e asiáticas.

O Ritual Africano entrou com as suas linhas de forças atuantes, e os ameríndios, tais como índios brasileiros, os incas, os astecas e maias e os norte-americanos entraram por terem sido extintos, ou por estarem em fase de extinção e não quererem deixar perder o saber acumulado nos milênios em que viveram em contato com a Natureza (1)."
"Por isso, tanto os negros africanos como os índios já desencarnados se uniram à Linha do Oriente e fundaram o Movimento Umbandista ou Ritual de Umbanda, o culto às forças puras da Natureza como manifestação do Todo-Poderoso.
Cada um entra com o seu saber, poder e magia, mas todos seguem as mesmas ordens de trabalho. Podem sofrer pequenas variações, mas a essência permanece a mesma. A variante que se adaptar melhor irá predominar no futuro. Por enquanto, a Umbanda é um laboratório religioso para experiências espirituais (1)."
 
"Por ser um ritual de ação positiva sobre a humanidade, (a Umbanda) atrai milhões de espíritos sedentos de ação em benefício dos semelhantes. Milhões deles já foram doutrinados e anseiam por uma oportunidade de comunicação oracular com o nosso plano. Todos têm algo a nos ensinar e falta-lhes a oportunidade.
Não se incomodam em se manifestar em templos humildes, cômodos pequenos, à beira-mar, nas matas, nas cachoeiras, ou mesmo numa reunião familiar. Estão sempre dispostos a nos ouvir e a ensinar. Sempre solícitos e pacientes, não se incomodam com a nossa ignorância a respeito dos mistérios sagrados.
Têm um saber muito grande, mas conseguem comunicar-se de uma forma simples. Têm o saber que nos falta e a paciência com nossos erros que os encarnados não têm. São maravilhosos pela simplicidade que nos passam; substituíram os sacerdotes dos rituais da Natureza com perfeição.

As Linhas de Trabalho obedecem a irradiações divinas, mas são regidas pelos Orixás Intermediadores (os que estão mais próximos de nós).
As Linhas de Trabalho são atratoras dos espíritos que buscam uma oportunidade de evolução dentro da religião.
Quando um guia se apresenta como um Caboclo de Ogum, é porque ele foi absorvido pela Lei Maior, foi incorporado à hierarquia do Orixá Ogum, desenvolveu em si uma das qualidades desse Orixá e atua regido pelo fator ordenador da criação divina.
Encontramos nos nomes simbólicos dos Guias de Lei sua qualidade e sua qualificação ou campo de atuação.Temos Caboclos de Oxalá, Oxóssi, Xangô, Ogum, Iemanjá, Iansã, etc.
Por exemplo, o Caboclo Sete Espadas é um Caboclo de Ogum, ordenador nos sete sentidos da vida ou nos sete campos de ação de Ogum, já o Caboclo Sete Flechas, é um Caboclo de Oxóssi, que atua nos campos de Iansã, e assim por diante.
Símbolos, cores, sentidos e nomes afins com divindades sincretizadas são usados e podem ser intrerpretados por analogia ou comparação (1)."
 
 
(1) "As Sete Linhas de Umbanda - A Religião dos Mistérios", págs.139-151 - Rubens Saraceni; Ed. Madras, 2003.